Segundo o colunista Ricardo Kotscho, o candidato ao governo de SP Alexandre Padilha é a maior vítima “deste verdadeiro ódio contra o PT, Lula e Dilma que grassa e se espalha por São Paulo, onde ficam as sedes de dois dos três maiores jornais do país, que há anos se comportam como os principais adversários políticos do partido, ao mesmo tempo em que se empenham para preservar e manter os tucanos no Palácio dos Bandeirantes, por eles dominado há duas décadas”
247 – O colunista Ricardo Kotscho diz que o ódio ao PT em São Paulo é assustador e prejudica principalmente a campanha de Alexandre Padilha ao governo do Estado. Ele liga o sentimento ao fato de dois dos três maiores jornais do país estarem localizados na cidade. Leia:
Ódio contra o PT em São Paulo é assustador
"Eu tenho tanto ódio contra o PT que, se tiver uma eleição entre o PT e o PCC, em São Paulo, eu voto no PCC".
A frase acima é transcrição literal do que ouvi de um motorista de táxi, na tarde de quarta-feira, ao final de um trajeto em que ele passou o tempo todo falando mal do prefeito petista Fernando Haddad, e dá bem uma ideia do sentimento de boa parte dos eleitores paulistanos nestes poucos dias que faltam de campanha na região em que o partido registra os mais altos índices de rejeição.
O desabafo do taxista nos ajuda também a entender melhor o que está acontecendo nas pesquisas com Alexandre Padilha, o ex-ministro da Saúde que é o candidato do PT lançado por Lula para disputar o governo do Estado de São Paulo.
Fato inédito na história do PT paulista, berço do partido, desde o início da campanha eleitoral Padilha não consegue passar dos 5% em todas as pesquisas, em empate técnico com candidatos nanicos.
Mesmo após o início da propaganda eleitoral na televisão, das sabatinas e dos debates, o candidato petista continua empacado, sem sair do lugar. Como nos acidentes aéreos, o motivo nunca é um só para explicar o desastre eleitoral do candidato.
Padilha é a maior vítima deste verdadeiro ódio contra o PT, Lula e Dilma que grassa e se espalha por São Paulo, onde ficam as sedes de dois dos três maiores jornais do país (Folha e Estadão), que há anos se comportam como os principais adversários políticos do partido, ao mesmo tempo em que se empenham para preservar e manter os tucanos no Palácio dos Bandeirantes, por eles dominado há duas décadas. E é também onde a seita daquela revista semanal tem seus seguidores mais fieis.
Este sentimento, de cada vez maior intolerância, é diuturnamente alimentado por jornalistas da velha e da nova mídia, no impresso ou nos meios eletrônicos, que se dedicam sem tréguas a uma feroz campanha contra tudo que envolva o PT, seus líderes, governos e aos movimentos sociais ligados ao partido.
O leitor poderá me perguntar que, se é assim, como é que o PT já elegeu três vezes prefeitos da capital, com Erundina, Marta e, agora, Haddad. Uma explicação possível é que o eleitorado do interior do Estado, que garante as seguidas vitórias dos tucanos, é muito mais conservador do que o da capital.
Por isso, o PT jamais conseguiu eleger o governador de São Paulo, embora tenha mantido nas últimas eleições um índice histórico em torno dos 30% de votos, seis vezes mais do que agora. A enorme rejeição ao prefeito Fernando Haddad explica o resto.
A situação do PT é tão difícil nesta eleição em São Paulo que, se houver segundo turno, o adversário do favorito governador Geraldo Alckmin desta vez será o empresário Paulo Skaf, do PMDB, que se recusa a subir no palanque de Dilma, embora o seu partido tenha o cargo de vice no governo e na chapa, com Michel Temer. Da mesma forma, o governador Alckmin também não faz a menor questão de aparecer em eventos de campanha ao lado do candidato tucano Aécio Neves, ainda mais agora que Marina Silva disparou nas pesquisas.
Não por acaso, o vice da chapa de Geraldo Alckmin é Márcio França, do mesmo PSB de Marina, numa aliança que ainda foi feita por Eduardo Campos. Por sua vez, Marina continua se recusando a subir no palanque de Alckmin.
Dá para entender por que esta miscelânea de siglas e palanques estaduais têm um peso muito menor do que os nomes e os símbolos nesta campanha eleitoral?
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