"O Ibope de hoje parece aclarar algumas coisas em relação às eleições.
A mais importante é que são enormes as chances de um segundo turno entre Dilma e Marina.
Aécio vai se tornando o que, até há pouco tempo, foi Eduardo Campos: um figurante, um candidato da segunda divisão.
Só um milagre parece capaz de levá-lo ao segundo turno.
Tem sido usada a expressão “assombrosa” para definir a escalada de Marina, mas a rigor tudo que está acontecendo era previsível.
Tivesse Marina conseguido formar a Rede, ela já estaria onde está há muito tempo, no encalço de Dilma.
Nos protestos de junho de 2013, ela foi – merecida ou imerecidamente não importa — o único grande nome da política que escapou da execração geral.
Os dividendos disso são colhidos agora.
Grande parte dos eleitores de Marina estavam nas ruas naqueles dias de junho.
Eles pediam mudanças – mas não o tipo de mudança associado ao envelhecido PSDB. Com os tucanos, não seria exatamente mudança e sim retrocesso.
Marina personificou então para os manifestantes a mudança, com sua imagem de alguém que não faz alianças com políticos tidos como símbolo do atraso, de Maluf a Sarney.
Marina, de alguma maneira, remetia naqueles dias de protestos ao Lula dos anos 1980. Como o Lula sindicalista, ela parecia “diferente de tudo que está aí”.
Também a origem humilde como a de Lula contribuiu para a formação de uma imagem de “pureza” que acabaria por compor seu perfil para muitos brasileiros em busca de “algo novo”.
A grande questão, a partir de agora, é aparentemente o segundo turno.
Marina conseguirá manter este momento mágico, em que tudo parece dar certo para ela?
Lula, com sua capacidade extraordinária de cabo eleitoral, conseguirá convencer eleitores em número suficiente de que Dilma merece um segundo mandato?
A esta altura, o maior desafio do PT de 2014 é mostrar que Marina não é uma espécie de reencarnação do PT da década de 1980, e nem ela um novo Lula.
Dilma enfrentará no segundo turno, mais que uma candidata forte, uma ilusão – a de que com Marina será feita uma faxina na política que temos no Brasil.
E ilusões costumam ser mais potentes, mais decisivas, mais encantadoras — e às vezes mais devastadoras também — do que ásperas realidades."
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