Primeiro os tucanos e sua mídia se fingiram de mortos. Depois, eles tentaram desqualificar o autor do livro “A privataria tucana”, o premiado jornalista Amaury Ribeiro, e o deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), atacando a sua proposta de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar os crimes da privatização na era FHC. Agora, eles partiram para o desespero.
O objetivo é acuar o autor e, principalmente, implodir a CPI da Privataria, que rapidamente conquistou as assinaturas necessárias para a sua instalação. O grito de guerra foi dado por FHC, sempre ele, o chefão dos tucanos. Numa nota agressiva, ele classificou o livro de “infâmia” e disse que o jornalista é um “indiciado” (como se ele não estivesse metido em vários processos na Justiça).
Tucanos convocados para a guerra
No final da nota, FHC conclamou os acuados e desnorteados tucanos a resistirem: “Quero deixar registrado meu protesto e minha solidariedade às vítimas da infâmia e pedir à direção do PSDB, seus líderes, militantes e simpatizantes que reajam com indignação. Chega de assassinatos morais de inocentes”. De imediato, o presidente da legenda, Sérgio Guerra, acatou as ordens do chefe:
“O PSDB repudia veementemente a mais recente e leviana tentativa de atribuir irregularidades aos processos de privatização no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso e acusar o partido e os seus líderes de participar de ações criminosas... Serão tomadas medidas judiciais cabíveis contra o autor e os associados às calúnias desse livro”, afirma a nota oficial do PSDB.
Manobras para abortar a apuração
A reação tardia da cúpula tucana, que adora assassinar reputações e que sobrevive da criação de CPIs, visou reorganizar o ninho e enquadrar os seus parlamentes. Alguns, inclusive, já tinham aderido ao pedido de Protógenes Queiroz para a instalação da CPI. Agora, eles sofrem enorme pressão para abandonar o falso discurso ético, conforme apontou ontem Renata Lo Prete, na Folha:
“Fechou o tempo na bancada do PSDB com as assinaturas de Fernando Francischini (PR) e Marchezan Jr. (RS) em favor de CPI proposta por Protógenes Queiroz para investigar o conteúdo do livro ‘A Privataria Tucana’, recheado de acusações a José Serra. Ambos se disseram ‘desafiados’ pelo autor do pedido, que, em troca, subscreveu a CPI da Corrupção - esta, contra o governo”.
Especulações para estimular a cizânia
Além da pressão pela retirada das assinaturas, também está em curso uma operação para criar cizânia e intrigas entre os partidos que historicamente condenaram o processo de privatização no reinado de FHC. Nesta jogada inteligente e marota, especula-se que o presidente da Câmara Federal, Marco Maia (PT-RS), já teria descartado a CPI, como se ele fosse o dono do parlamento.
As declarações da presidenta Dilma Rousseff, num café da manhã ontem com os jornalistas no Palácio do Planalto, serviram para reforçar essa jogada. Aparentemente desinteressada e sempre conciliadora, ela disse que não leu o livro de Amaury Ribeiro e que uma CPI só deve ser criada em casos extremos. O líder do governo, deputado Candido Vaccarezza (PT-SP), sempre atabalhoado, também despistou.
Urgente mobilização da sociedade
Uma nota hoje de Mônica Bergamo, na mesma Folha serrista, alimenta este veneno. “O PT está turbinando a CPI, proposta pelo deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP). Mas já traçou o roteiro: fará barulho em torno da comissão até março. Neste mês, o petista Marco Maia, que preside a Câmara dos Deputados, vai arquivá-la por ‘carência de objeto específico’. O próprio governo petista não tem interesse no barulho de uma CPI”.
Como se observa, a pressão para inviabilizar a apuração dos crimes no processo de privatização, tão bem descritos e documentados no livro de Amaury Ribeiro, será violenta. Só mesmo a mobilização da sociedade, a partir das entidades e lideranças que não se rendem ao pragmatismo exacerbado, poderá garantir a criação da CPI da Privataria. Será uma guerra de titãs, mas os tucanos e a sua mídia já sentem o desgaste!
Altamiro Borges
via Com textolivre
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