quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Financiamento público de campanha. PSDB e PMDB preferem Caixa Dois

No próximo dia 9, a Comissão Especial de Reforma Política da Câmara deve votar o relatório do deputado Henrique Fontana (PT-RS) que recomenda o financiamento público da campanha política.
Se for derrotada, a proposta será arquivada.
E a eleição de 2014 será como é hoje: o império do Caixa Dois.
Em 2002, as eleições para Presidente, Governador, Senador e deputados Federal e Estadual custaram R$ 827 milhões.
Isso é o que foi DECLARADO.
Fora o Caixa Dois.
Como se sabe, uma boa parte do financiamento das campanhas, hoje, é em dinheiro vivo, não contabilizado.
Como diz este ansioso blog, o Caixa Dois na política é tão brasileiro quanto a goiabada com queijo.
Em 2010, o custo dessas campanhas foi de R$ 4,9 bilhões.
Portanto, houve um aumento DECLARADO de 591%.
Assim, se não houver o financiamento público, só vai ser político quem for muito rico, ou se submeter aos interesses dos financiadores.
Ou seja, o Congresso brasileiro será o espelho dos interesses das empreiteiras, dos bancos, da indústria farmacêutica – mais do que hoje.
Das 513 campanhas mais caras para deputado federal, em 2010, 369 foram eleitos.
Ou seja, com grana o candidato tem 72% de chances de ser eleito.
É por isso que a Maria da Conceição Tavares, o Florestan Fernandes, o Milton Temer (o primeiro a pedir informações ao Banco Central sobre as operações do banco Opportunity, ainda no Governo FHC) e o Delfim Netto não conseguem mais se eleger.
Quanto será distribuído sob a forma de financiamento público?
Segundo o relatório de Fontana, o limite de gastos será fixado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Quanto irá para cada partido?
25% do dinheiro serão distribuídos igualmente entre TODOS os partidos.
O resto será proporcional ao número de votos – porque, numa democracia, quem tem mais votos vale mais, não é isso Padim Pade Cerra?
O financiamento público é a única forma de partidos como o DEMO e o PP sobreviverem.
Porque não têm candidato próprio à Presidência da República, o DEMO e o PP morrem na praia, na primeira pesquisa do Globope ou do Datafalha.
Na primeira pesquisa do Globope e do Datafalha, o Cerra sai sempre na frente.
(Notável coincidência.)
Aí, a grana vai para o PSDB…
Quem são os maiores adversários do financiamento público?
O PMDB e o PSDB.
Dentro do PMDB, quem são os mais ferrenhos adversários do financiamento público?
O (vice) Presidente Michel Temer, que defende um estapafúrdio “plebiscito”.
E Eduardo Cunha, por uma questão de princípios filosóficos.
Ele é a favor da livre iniciativa.
Especialmente em Furnas.
No PSDB, o baluarte da campanha contra o financiamento público é o Padim Pade Cerra.
Ele tenta fulminar o relatório Fontana pelo lado errado.
Cerra defende o voto distrital, para atacar o voto fechado em lista, que não faz parte do projeto Fontana.
O Cerra e seus arautos no PiG são contra esse moinho de vento: o voto fechado em lista.
Na verdade, o objetivo de Cerra e seus arautos é derrotar o financiamento público.
Um desses arautos é quem Leandro Fortes, na Carta Capital, chamou de Brucutu: um senhor Graeff, que, na derrota de 2010, operou as redes sociais para o Cerra.
É essa turma, amigo navegante: Michel Temer, Eduardo Cunha, um Brucutu e o Padim Pade Cerra.
Você é favor do que está aí, amigo navegante?
O que está aí é o Caixa Dois no centro da política brasileira.
Paulo Henrique Amorim
No Conversa Afiada

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