Democracia é coisa séria
Rui Grilo
Lendo o texto “Democracia é a minha praia” do Sidney Borges, me senti estimulado a também declarar o meu voto e também explicar as razões.
Vou votar em Dilma porque concordo com o Sidney que precisamos de alternância e nunca tivemos uma mulher na presidência apesar de elas serem a maioria (para 100 mulheres há 96 homens).
Também sei que Dilma não governará sozinha, mas com propostas discutidas e nascidas das lutas dos movimentos sociais. Tomando como exemplo o Estatuto da Cidade, Lei no 10.257, de 10/07/2001, quem participou dos movimentos de moradia pode reconhecer nele as propostas dos seus participantes e técnicos transformadas em lei e, embora aprovada durante um governo tucano, surgiu e, apesar das resistências, vai lentamente orientando os planos diretores através da pressão popular . O mesmo ocorre com outras leis recentes e até algumas mais antigas.
Depois de quase quinhentos anos em que o poder foi exercido pelas classes dominantes, criando leis e um aparato burocrático que dificulta o acesso à igualdade de direitos de fato, o PT, um partido que nasceu das lutas populares e contra a ditadura alcança o poder legalmente através dos votos. No entanto, para conseguir a governabilidade é obrigado a negociar com aqueles que sempre tiveram privilégios e que se sentem ameaçados por essa nova força. Estes contam com todo o aparato legal e burocrático que construíram enquanto estavam no poder. E ainda contam com o apoio dos meios de comunicação de massa que estão sob seu controle. Assim, não há uma transformação como seria necessária para reduzir de maneira significativa a desigualdade social. Mas nesse curto espaço de tempo, comparando o governo FHC com o governo Lula, com todos os erros e atropelos, houve avanços significativos:
- 23 milhões de pessoas saíram da linha da pobreza; o salário mínimo passou de 78 para 210 dólares; a taxa de juros SELIC baixou de 27% para 8,75; o risco Brasil baixou de 2.700 para 200 pontos; o dólar baixou de R$ 3,00 para R$ 1,78; de devedores ao FMI passamos a credores; foram criadas 10 novas universidades federais e 214 escolas técnicas em diferentes regiões do país; o crédito popular passou de 14 para 34%; de 780 mil empregos novos saltou para 11 milhões.
Hoje, o Brasil é o 38º país do mundo em qualidade de vida, segundo um ranking com quase 200 países, publicado pela revista americana International Living e que leva em consideração nove itens – custo de vida, cultura e lazer, economia, ambiente, liberdade, saúde, infraestrutura, segurança e risco e clima.
Segundo informações da BBC Brasil, o Brasil também encabeça o ranking de combate à mudança climática publicado no dia 14/12 pela ONG Germanwatch e a rede Climate Action Network (CAN), organizações não governamentais europeias.
A terceira edição do relatório de acompanhamento, elaborado pelaPresidência da República e pela Organização das Nações Unidas (ONU), concluiu que, faltando sete anos para que os Objetivos doDesenvolvimento do Milênio (ODM) sejam alcançados, a taxa de pobrezaextrema no Brasil caiu de 28% para 16% da população e, a de pobreza,de 52% para 38%.
O programa Luz para Todos, do Governo Federal, alcançou a marca de 2 milhões e 235 mil ligações realizadas em todo o país até dezembro de 2009. A energia elétrica chegou gratuitamente para famílias que moram na área rural e tiraram 11,1 milhões de brasileiros da escuridão.
Após quase vinte anos de governo tucano no estado de São Paulo, os resultados do sistema educacional paulista são lamentáveis, como estampou a Folha de São Paulo do dia 27/12. O mesmo acontece com a segurança pública e outras áreas.
E o pior é que o Governo Serra vem boicotando a etapa estadual de todas as iniciativas de construção de políticas públicas com participação da população através das conferências nacionais temáticas, inclusive a de Educação, que só aconteceu devido ao apoio da UNDIME – União dos Dirigentes Municipais de Educação. A Conferência de Comunicação também só foi realizada devido ao apoio da Assembléia Legislativa e organizações da sociedade civil.
Assim, não basta ser sério para se fazer um bom governo; é necessário ter espírito de equipe e de cooperação, valorizando a experiência daqueles que vivem os problemas de cada área no cotidiano, pois ninguém dá conta sozinho de resolver os problemas de uma sociedade heterogênea, com enormes disparidades socioeconômicas e culturais e em constante mudança.
A atual política de privatização tem elevado os custos de serviços essenciais sem o necessário retorno à sociedade e, em alguns casos provocando tragédias como aconteceu com o metrô, em Pinheiros, e no rodoanel.
Para consolidar as conquistas do governo Lula, reduzindo as enormes disparidades sociais, acredito que muitos brasileiros compartilham comigo a certeza de que é necessário acreditar no partido que, apesar de todas as dificuldades, trouxe melhores condições de vida para aqueles que mais precisam.
Se Lula a escolheu para ser o seu braço direito e para dar encaminhamento aos principais problemas enfrentados pelo atual governo é porque reconhece nela sua competência e sabe que essa experiência muito contribuirá para a solução dos problemas e dos pontos críticos a serem trabalhados na nova gestão.
Rui Grilo
ragrilo@terra.com.br
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