sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Escavadeira tomba no leito do Tietê




por Luiz Carlos Azenha

Aconteceu em algum momento da tarde de ontem, 03/02/2010, diante do sambódromo do Anhembi e perto daquela tubulação prateada da Sabesp que passa sobre o rio.

Uma escavadeira da marca Komatsu, que no dia anterior estava sobre uma balsa, tombou no leito do Tietê.

No dia anterior a cena tinha me chamado a atenção: a máquina parecia trabalhar na limpeza da calha do rio, retirando areia e detritos do fundo do Tietê e depositando em uma barcaça.

Operários da construção civil que estavam na margem do Tietê me disseram que com a enchente -- o Tietê transbordou ontem muito perto dali, na ponte da Casa Verde -- a balsa ficou instável e a máquina mergulhou no rio.

Deveria ser um bom sinal que o governo paulista decidiu fazer agora o que poderia ter feito antes. Mas também pode não ser: será que a limpeza deveria ser feita assim, justamente no período de chuvas?

Fica parecendo que o governo paulista decidiu fazer uma limpeza cenográfica, só para aparecer nas imagens dos helicópteros das emissoras de TV, já que a quantidade de terra, pedra e lixo que deveriam ter sido retirados pelo governo paulista da calha do Tietê nos anos de 2006, 2007 e 2008 -- mas não foram -- é uma enormidade. Foi o que demonstrou a Conceição Lemes.

Os operários que "vigiavam" a máquina mergulhada no rio disseram que não havia ninguém na balsa na hora do acidente.

Recapitulando para os que chegaram agora: a obra de aprofundamento da calha do rio Tietê, concluída durante o governo de Geraldo Alckmin, prometia acabar com as enchentes em São Paulo.

Na região em que a máquina da Komatsu caiu, por exemplo, hoje a profundidade do Tietê deveria ser de 9 a 10 metros, se tivesse havido a manutenção da obra.

Se a profundidade de fato fosse essa, convenhamos que a máquina da Komtasu teria sumido no rio Tietê.

Não sumiu. Todo o braço dela, com a marca Komatsu, ficou do lado de fora.

O que me leva a sugerir a manchete da Globo, se a emissora decidir noticiar: graças a Serra, São Paulo recupera máquina que se jogou no Tietê.

PS: Não muito longe dali, as máquinas continuavam à toda trabalhando na grande obra de José Serra: a ampliação das marginais do Tietê. Estavam "produzindo" montanhas de terra, que em seguida seriam varridas para dentro do rio pelo temporal diário, contribuindo ainda mais com o assoreamento. Essas obras não podem atrasar: precisam ser inauguradas por Serra antes que ele deixe o governo para tentar fazer pelo Brasil o que fez por São Paulo.

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