O senador Aécio Neves repetiu, no dia 5 de julho, na 12ª Convenção Nacional do PSDB, pela segunda ou terceira vez, a seguinte frase:
“Não perdemos a eleição para um partido político, perdemos para uma organização criminosa”.
Aécio, ao pronunciar esta frase, revelou, mais uma vez, não estar à altura do cargo de presidente da República.
Ao associar todo um partido, ou seja, todas as suas lideranças e representantes – incluindo a presidente da República, senadores, deputados federais e estaduais, governadores, prefeitos e vereadores –, além de filiados, ao “crime organizado”, Aécio colabora, de maneira oportunista e irresponsável, para a exacerbação da intolerância e do ódio na cena política brasileira, direcionados ao Partido dos Trabalhadores, seus integrantes, militantes e simpatizantes.
Partido esse que teve, e continua tendo, um papel fundamental no processo de construção e consolidação – ainda incompleto – da democracia brasileira, desde a sua fundação, há mais de 35 anos.
Além disso, ao fazer essa afirmação, Aécio desrespeitou milhões de brasileiras e brasileiros que votaram, e continuam votando, em candidatos(as) do PT, há mais de três décadas.
É simplesmente um acinte. É inaceitável.
Não há dúvida, entretanto, que Aécio se sente à vontade para repetir isso porque tem a conivência da mídia corporativa, majoritariamente de oposição ao PT e aos governos liderados pelo partido. Assim como, em razão das maneiras absolutamente distintas com que foram tratados os “mensalões” petista e tucano pelo Judiciário e pela “grande” mídia.
Com essa postura, Aécio demonstrou que não tem respeito por seus adversários e, muito mais grave, que não tem respeito pela democracia.
Há limites para o discurso oposicionista dentro das regras democráticas.
E Aécio Neves ultrapassou, mais uma vez, esses limites.
Kátia Gerab Baggio é professora de História das Américas na UFMG.
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“Presidente da República” e “oposição ao Brasil”: A lição dos atos falhos de Aécio
Kiko Nogueira, via DCM em 7/7/2015
Kiko Nogueira, via DCM em 7/7/2015
O teatro que o PSDB está fazendo em torno do impeachment, dizendo que não trabalha para isso enquanto conspira abertamente, é talvez a página mais abjeta da história do partido.
Na convenção, de domingo, dia 5/7, Fernando Henrique Cardoso, triunfal, afirmou que o PSDB “está pronto para assumir”. Mais: “Nunca como antes se roubou tanto neste país”.
Ora, para além da conversa fiada lacerdista, o “nunca como antes”, segundo o próprio ex-presidente, precisa incluir seu próprio governo. É uma confissão de um homem que, na melhor das hipóteses, se atrapalhou com as palavras, ainda que tenha vivido delas.
O diabo mora nos detalhes e Aécio Neves cometeu o ato falho do ano numaentrevista a uma rádio gaúcha. Comentando a entrevista de Dilma à Folha, Aécio insistiu na defesa de que não pratica golpismo. “Nosso papel é agir com responsabilidade, garantir que nossas instituições, em todas as suas instancias, ajam com independência”, disse.
“Felizmente para a presidente, quem está na oposição somos nós, que temos agido com absoluta responsabilidade”, continuou o organizador de uma viagem absolutamente sem sentido à Venezuela com mais sete colegas.
E então a deixa: “O que nós dissemos na nossa convenção, que me reelegeu presidente da república, é que o PSDB é um partido pronto para qualquer que seja a saída”.
Presidente da república.
A obsessão cala tão fundo em Aécio que ele não achou que fosse o caso de sequer corrigir mais adiante. A tese de seu grupo tem sido a do afastamento de Dilma e de Temer. Com isso, haveria uma nova eleição em noventa dias com ele como o candidato mais provável dos tucanos.
A ideia de inflamar a própria militância e engordar as ruas para os próximos protestos – existe um marcado para o dia 16 de agosto –, apostando na instabilidade, não é nova. No que o PSDB se transformou? Num outro lapso, desta vez à Rádio Itatiaia, Aécio de novo resumiu: “O PSDB é o maior partido de oposição ao Brasil”.
Se tudo sair conforme esse script, daqui a 50 anos um mea culpa resolve.
no: http://limpinhoecheiroso.com/2015/07/13/aecio-neves-e-a-organizacao-criminosa/
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