Secas nos próximos anos acontecerão por combinação de redução das chuvas e aumento da evaporação da água do solo (Foto: Nasa) |
Jonathan Amos, BBC Brasil
Algumas regiões, como a Califórnia, já enfrentam uma séria escassez de chuvas, mas a situação é branda se comparada com alguns períodos dos séculos 12 e 13.
"Essas mega secas durante os anos 1100 e 1200 persistiram por 20, 30, 40, 50 anos de cada vez e foram secas que ninguém na história dos Estados Unidos jamais experimentou", disse Ben Cook, do Instituto Goddard para Estudos Espaciais da Nasa.
São esses eventos climáticos sem precedentes no último milênio que podem vir a acontecer, segundo os novos modelos.
"As secas que as pessoas conhecem – como a que foi chamada de dust bowl nos anos 1930 por causa das tempestades de areia, a seca dos anos 1950 ou mesmo a atual seca na Califórnia e no sudoeste – foram secas naturais que esperava-se que durassem apenas alguns anos ou talvez uma década", disse Cook.
"Imagine se a seca atual na Califórnia continuasse por mais 20 anos", comparou.
Duplo efeito
O estudo reforçou um consenso sobre as secas que deverão afligir o sudoeste e as planícies centrais americanas (uma larga faixa de território do norte do Texas até as Dakotas do Norte e do Sul) em consequência das crescentes emissões de gases na atmosfera.
Com estas informações, os pesquisadores conseguiram entender a variação natural do sistema climático, separando o que são situações normais e o que seriam situações extremas.
O que o grupo descobriu foi que, após 2050, o sudoeste e as planícies centrais provavelmente passarão por períodos de estiagem que ultrapassariam até mesmo a chamada "anomalia climática medieval" nos séculos 12 e 13.
"E esse é um ponto muito importante – não estamos necessariamente presos neste alto risco de uma mega seca se tomarmos providências para retardar os efeitos da emissão dos gases estufa nas temperaturas globais."
Vivendo em estiagem
Apesar do desafio, o pesquisador se disse otimista com a possibilidade de desenvolver estratégias para lidar com o problema.
"Os registros que temos de mega secas do passado são baseados em estimativas de anéis de crescimento. Se você pensar bem, isso é um pouco animador, porque significa que as secas não foram ruins a ponto de matar todas as árvores", disse Ault.
"Estou otimista porque uma mega seca não significa não ter água – significa apenas ter muito menos água do que nos acostumamos a ter no século 20."
O estudo, divulgado na publicação científica Science Advances, foi discutido no encontro anual da Associação Americana para o Avanço das Ciências, que acontece em San Jose, na Califórnia."
Nenhum comentário:
Postar um comentário