Fernando Brito, Tijolaço
"A BBC publicou uma curiosa reportagem
Permita-me avisar ao coleguinha Jefferson Puff, que é brasileiro mas fez carreira no exterior, que isso não é, propriamente, uma novidade nem na história da Beija-Flor, nem nas escolas de samba cariocas.
Ou na cumplicidade explícita de escolas com políticos, como fizeram contra Brizola, com as bençãos de João Figueiredo, Anísio Abraão David e Castor de Andrade.
Já imaginaram se fosse o José Dirceu comprando o apartamento de Mendes Júnior?
Infelizmente, a nossa turma moralista é igual àquela piada sobre a razão de os gringos no Carnaval com dois dedinhos apontados para cima. Para quê? Para que não lhe olhem os pés desajeitados, com os da nossa moralidade seletiva, que só fica indignada quando interessa.
A realidade é essa, assumam
Nílson Lage
Se há coisa que me chateia é hipocrisia.Quem queriam que financiasse o carnaval carioca?
O tesouro nacional?
As gravadoras, que fariam desfilar como destaques Beyoncé, Ricky Martin e Julio Iglesias, ao som de rock, country e rap?
As multinacionais, cobrindo de logos e marcas o desfile, com a rainha da bateria anunciando preservativos durex e a magnífica comissão de frente fantasiada de semente Monsanto?
Queriam que o carnaval voltasse a ser, como antes, uma festa de bairro, com corsos de carrinhos da classe média (confetes, serpentinas…), escolas mambembes e blocos de sujos?
Assumam a realidade.
O jogo do bicho é uma tradição enraizada, assumida, consolidada no Rio de Janeiro e no Brasil Todo combate ao jogo do bicho é, na verdade, achaque de bicheiros.
O mesmo está acontecendo com o tráfico de drogas. O tráfico sustenta um aparelho repressivo corrupto, num nível muito mais alto do que se imagina.
Algo similar com a “guerra ao tráfico”, conduzida com a inteligência de uma bush-barata. Cada carga apreendida, cada bagrinho preso, é mais dinheiro que entra no sistema.
Para quem vai à festa e gosta dela, não importa quem paga. Importa, sim, a mensagem estética, ética e politica do desfile."
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