Marco Antonio Araujo
Há um ano, de forma sistemática, a mídia nativa vem insistindo na necessidade de cada um de nós economizar água. E dá-lhe reportagens ufanistas, comentários policialescos e âncoras exaltando a turma do autoflagelo. Tudo pra livrar a cara dos governantes, desviar o foco da calamidade anunciada (vulgo "crise hídrica") - e transferir a responsabilidade para o cidadão, como sempre.
Esse "espírito cívico" estimulou o surgimento dos fiscais de torneira, sommeliers de cisterna e sociopatas que fazem de tudo para aparecer na TV como exemplo de sacrifício e abnegação. Já vemos sinais perigosos de que os ânimos vão se exaltar.
Antes que gente morra ou se esfaqueie no sertão paulistano, é bom espalhar com responsabilidade uma informação básica: o consumo doméstico de água responde (grosso modo) por modestos 10% do total. Pois é.
A agricultura predatória escoa 70%, e a indústria sucateada, 20%. Isso sem contar os estimados 38% que, de saída, são desperdiçados por absoluta incompetência e ganância das "empresas" que especulam com nosso precioso líquido na Bolsa de Nova Iorque.
Quem tem que ser cobrado pra valer (e não está sendo) é a turma da pesada. Não vai ser com baldes e canequinhas que impediremos São Paulo de se transformar numa caatinga. Está na hora de menos histeria e mais informação: economizar, sim; ser estúpido, não.
sugado do: http://caviaresquerda.blogspot.com.br/2015/01/economizar-agua-sim-ser-estupido-nao.html
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