Fernando Brito, Tijolaço
"Domingo, o povo brasileiro vai escolher um caminho para o país.
Como as forças que dominaram, salvo breves intervalos, este meio século de Brasil, não têm um caminho para apontar, senão o de permanecermos colônia, buscam nos apresentar – estou sendo generoso – um gestor.
Pois bem, aceitemos a categoria e nos abstraiamos de todas as polêmicas envolvendo o caráter e os hábitos de seu candidato, para que ele não me responda com os seus esclarecedores argumentos: “mentiroso” e “você está ofendendo os mineiros”…
Então, para julgar Aécio ao papel de gestor a que se propõe, verifiquemos os dados que nos traz o professor Rogério Cezar de Cerqueira Leite, físico e professor emérito da Unicamp. Cerqueira Leite, que acumula décadas de experiência, além das de cientista e educador, mas incentivador do desenvolvimento científico e tecnológico do país. Quem tiver dúvidas sobre sua capacidade de análise, veja o seu currículo aqui.
E o que diz o professor sobre algumas áreas do tal “choque de gestão” implantado em Minas, ao escrever artigo para a Folha de S. Paulo, ontem?
Saúde: (…)Aécio Neves, hoje candidato à Presidência, vem afirmando que deu prioridade à saúde. Todavia, Minas foi o 22º dos 27 Estados em percentual da receita alocada à saúde, aproximadamente a metade do percentual de unidades federativas relativamente mais pobres, como Amazonas, Bahia e Pernambuco. Nesse item compete com Maranhão, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Educação. Aécio vem confirmando a prioridade de seu programa de choque de gestão no setor de educação e do imenso sucesso que teve seu governo nesse setor. Entretanto, reservou para essa área um percentual de seu Orçamento de 2009 menor que qualquer outro Estado naquele ano, com exceção do Espírito Santo.Isso significou metade do que o Ceará e muito menos que Estados mais pobres e, supostamente, menos desenvolvidos, como Maranhão, Acre, Roraima, Tocantins. Fica em 26º lugar entre 27.
Segurança. (…) do total de investimentos entre 2004 e 2008, apenas 6,57% foram aplicados em educação, 8,78% em saúde e 6,87% em segurança. Os outros 77,8% foram, entretanto, aplicados principalmente em obras monumentais em Belo Horizonte, onde haveria maior visibilidade, não em obras de interesse imediato do cidadão. Como consequência a criminalidade, ao contrário do que afirma Aécio, medida pelo número de ocorrências policiais aumentou em 69% de 2002 a 2008.
Finanças públicas.
PS.A propósito, não estou ofendendo os mineiros, que o elegeram no passado. É que numa coisa Aécio foi eficientíssimo: controlar a imprensa e fazer dela um bem cevado carneirinho seu. Mas quando teve oportunidade, numa campanha nacional, os mineiros deram-lhe a tunda eleitoral que merecia."
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