sexta-feira, 17 de outubro de 2014

A incompetência tucana no Sistema Cantareira


Como a SABESP privatizada pelo PSDB não investiu, acompanhe agora como está gravíssima a situação do Reservatório Cantareira


Nível hídrico do Sistema Cantareira

Variação Anual/Semestral 2014 do Sistema Cantareira

2010 94,6
2011 86,1
2013 40,1
mar/14 15,3
abr/14 12
mai/14 8,2
01/06/2014 Com Volume Morto 22,4
jul/14 17,3
ago/14 13,1
set/14 9,1
16/10/2014 4,1

Variação Diária

09/10/2014 5,3
10/10/2014 5,1
11/10/2014    5
12/10/2014 4,9
13/10/2014 4,7
14/10/2014 4,5
15/10/2014 4,3
16/10/2014 4,1

A fala de Alckmin é importante, em um primeiro contexto, porque ela já contradiz fundamentalmente a tão reiterada promessa de que teríamos abastecimento pleno até Março de 2015, independentemente do que ocorresse.

O Governador, que discursou enquanto que já está tendo seu volume morto aduzido, comentou, em tom de “torcida racional”, que “é evidente que vem chuva”. Triste pensar que a medida mais consistente do Estado mais rico e tecnicamente preparado da federação para lidar com a adversidade seja esse ato de fé. Difícil fazer um paralelo com outra área de política pública em que se pudesse transferir o fator fundamental de seu sucesso para uma variável tão “independente”: talvez, na Educação, seria algo como esperar a melhoria global do desempenho escolar dos alunos com base no bom humor diário de cada um como o fator-chave.

O problema do discurso de Alckmin é que ele, simplesmente, não é verdadeiro. Por sinal, como há muito já se coloca, o fim dessa primeira cota de volume morto coincide com o segundo turno das eleições. Já imaginamos o perigo social, humanitário, econômico (e político) de colossais proporções caso não venha o referendo da Agência Reguladora para a extração de mais água ou se os técnicos do governo de São Paulo não forem capazes de concluir a nova improvisação.

Impressiona, então, o modo como a imprensa produz notícias, uma atrás da outra, sem conectá-las entre si minimamente para que venham a elaborar juízos críticos razoáveis sobre a situação. Não seria preciso, sequer, a convocação de especialistas: bastaria recuperar as próprias matérias para que se confrontasse o que diz o governador em um momento e o que afirma em outro, ou o que a SABESP noticia em um documento e o que publica em outro.

Digo que esse modo de produção jornalística – para além de toda a sua dimensão ideológica – acaba por se configurar como uma espécie de fordismo por se basear uma elaboração de informações e fatos como fins em si mesmos, como pequenas peças desconectadas de uma engrenagem muito maior – que, em razão desse afastamento, impedem com que o cidadão leia a matéria e seja capaz de compreender a gravidade do que está ocorrendo. Não importa, nesse modelo, se há alguma relação entre a peça anterior e a próxima, se são diferentes, se há contradição entre elas, se elas se suplementam. É irrelevante. Noticia-se um dado solto no ar, como uma mera obrigação jornalística, como um evento encerrado em si mesmo, sem vocação sistêmica. Não me parece difícil de defender o quanto isso inviabiliza o senso crítico do leitor e da sociedade de modo amplo, e o quanto isso cria barreiras para se intervir adequadamente no problema e para que identifiquemos com clareza os responsáveis – da cidade dos homens, e não da cidade de deus – pela crise. No final, quem se torna o operário do conhecimento, sem consciência hermenêutica e alienado da realidade material, não é ninguém menos do que eu e você.

Veja o antes (foto acima) e o depois (foto abaixo).


Como os tucanos tratam a CPI em São Paulo

Andrea Matarazzo: Police é um vagabundo


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