Perspectiva de fiasco histórico |
Vista a campanha presidencial em retrospectiva, as coisas tinham tudo para dar errado para Aécio.
E deram.
Como poderia ser diferente se a primeira promessa de Aécio a ganhar o público foram “medidas impopulares”?
Mas mesmo assim: a mera de intenção de tomar “medidas impopulares” já revelava um candidato sem a menor noção de realidade.
Os brasileiros, ainda que de uma forma difusa, clamam por avanços sociais. Aécio, com suas “medidas impopulares”, sugeria exatamente o oposto.
Dilma e Marina, cada qual a seu modo, representam a expectativa – ou ilusão, para os mais céticos — de uma redução na desigualdade social brasileira.
Gosto de um provérbio romano, atribuído ao imperador Otávio Augusto, segundo o qual quando você sabe para onde ir, todo vento ajuda.
Da mesma forma, quando você não sabe, nenhum vento ajuda. É o caso de Aécio e, mais que ele, do PSDB como um todo.
Uma das maiores conclusões destas eleições é que os tucanos correm risco de extinção, à míngua de votos e, mais que isso, de propósito, de causa.
O PSDB, sob Serra, virou um partido de direita, reacionário.
Transformou-se na versão século 21 da UDN, o partido de Lacerda que, sob a égide cínica do moralismo fajuto, tramou contra todos os governos populares.
Os udenistas correram aos quartéis, contra Getúlio e depois contra Jango, em busca de um golpe militar que os colocasse no poder.
Apenas não contavam que os militares acabassem gostando do poder.
É presumível que, se os militares estivessem à disposição hoje, e tivessem força, os tucanos repetiriam o que os udenistas fizeram no passado.
(De certa maneira, os militares, nos nossos dias, foram substituídos no sonho conservador pelos juízes do STF, mas sem sucesso.)
Partidos como a UDN de antes e o PSDB de agora cumprem a mesma sina: são amplamente favorecidos pela imprensa, mas carecem de voto.
Os tucanos, para se reinventarem, teriam que se afastar do ideário de direita que os tomou.
Perderiam o aplauso incondicional da mídia, mas seriam mais competitivos nas urnas na “Era da Desigualdade”, como podemos designar estes tempos.
Não há nenhum sinal de que isso vá acontecer.
Repare o entusiasmo boçal com que, no primeiro debate, Aécio anunciou Armínio Fraga como seu ministro da Economia.
Parecia um técnico de futebol anunciando a aquisição de Messi.
Fraga representa o oposto daquilo que o Brasil pede, exige hoje – uma sociedade menos desigual.
Para usar a linguagem consagrada pelo movimento Ocupe Wall St, Fraga é o nome dos sonhos do 1%, da plutocracia.
O aeroporto da cidade de Cláudio acabou não tendo importância nenhuma no anunciado fiasco de Aécio, a despeito de expor o discutível conceito de moralidade e ética do neto de Tancredo.
A solução não é tão difícil assim: sair da direita.
Só que os líderes do PSDB não estão enxergando sequer o problema, que dirá a solução."
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