Autor: Fernando Brito - Tijolaço
Os jornais estão cheios de dedos diante deste escândalo provocado pela estranhíssima “delação premiada” de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras.
Porque a ninguém mais ela atinge em cheio que a Eduardo Campos, tão próximo e devedor de Costa que este chegou a arrolá-lo como testemunha de defesa, do que só desistiu após complexas negociações – imagine-se quais – entre os advogados de ambos, segundo testemunha o insuspeito Lauro Jardim, na Veja.
Não é delírio imaginar que Costa, ao ver que não seria defendido pelo governo Dilma, tenha se voltado para pressionar Campos, tanto que o juiz do caso, Sérgio Moro, estranhou seu arrolamento como testemunha de defesa e tentou bloquear sua convocação, da qual o ex-diretor“desistiu” provisoriamente.
Muito menos que tenha sido a morte de Campos – e, com isso, o desaparecimento daquele que Costa havia apontado como seu defensor – que tenha levado o ex-diretor a negociar o possível em sua situação desesperadora.
Além das relações pessoais entre ambos, há as com o PSB – o candidato a senador em Pernambuco, Fernando Bezerra, tem um irmão, cunhada e sobrinho na lista de Alberto Youseff – e com o dirigentes do PP e com Sérgio Cabral, aliados de Aécio.
De todos, inclusive os petistas, é Dilma Roussef quem tem uma prova, fornecida por seus próprios adversários, como se lê na revista Época na edição da penúltima semana de março: A presidente Dilma Rousseff, que não gostava de Costa, tentava derrubá-lo desde o começo de seu governo. Encontrava resistências de todos os políticos, mesmo indiretamente, de Lula. Conseguiu apeá-lo apenas em 2012, para desespero da base aliada.”
É muito difícil tratar de política quando as coisas começam a se inscrever no Código Penal, porque tudo toma a forma do que não é.
E você passa a contar apenas com raciocínio e intuição, para ver sinais estranhos no ar, como o que este blog destacou aqui, há uma semana, quando começavam os depoimentos de Costa: “Merval pede que não abandonem Aécio. Avisa que algo pode “abalar Marina”.
Será Paulo Roberto Costa o segundo jatinho de Campos, do qual a providência – como ela própria diz – não terá como desembarcar?
Isso pode destruir a ascensão de Marina sem, porém, ter força para ressuscitar Aécio, e este temor fica claro no “conselho” que o mesmo Merval dá a Aécio hoje, com uma comparação – será? – entre a lista de Costa e o caso Lunus, que derrubou Roseana Sarney:
Aécio estaria fazendo o mesmo esforço inútil que o tucano José Serra fez em 2002, destruindo, com sucesso, as candidaturas de Roseana Sarney e Ciro Gomes para depois ser derrotado por Lula no segundo turno. Há no entorno do PSDB quem defenda uma “renúncia branca” de Aécio, que deveria se dedicar mais à eleição de Minas para garantir seu cacife político.
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