Os cerca de 30 anos passados no trabalho de edição do noticiário econômico me ajudaram a ver como funcionam as coisas no jornalismo nativo, principalmente nessa área aparentemente tão complicada que é a economia.
Muito pouco, num jornal, funciona ao acaso.
Há pauteiros, chefes de reportagem, editores, que escolhem os temas que serão abordados, aqueles que são prioridade, "quentes", e os que podem ficar na "gaveta".
Só isso já mostra como o noticiário pode ser dirigido para um lado ou para outro.
E há as fontes.
Aí reside o perigo.
Antigamente, lá pelos anos 80 e 90, as fontes dos jornalistas econômicos eram, na maioria, da indústria.
Havia, no Estadão, um setorista na Fiesp, a federação das indústrias do Estado de São Paulo.
Toda segunda-feira os diretores da Fiesp se reuniam para análise de conjuntura.
O setorista estava lá, conversava com eles e levava a notícia para a redação.
Muitas vezes essa notícia gerava uma pauta mais extensa.
Além dessas reuniões periódicas, a Fiesp se encarregava de preparar vários indicadores - faz isso até hoje -, que também viravam notícia.
Eleição na Fiesp, naquele tempo, rendia várias reportagens.
Havia poucas empresas de consultoria econômica.
O setor financeiro ficava na sua, só ganhando dinheiro.
Os anos foram se passando e a situação mudou completamente.
Hoje, as editorias são pautadas pelo setor financeiro - bancos e corretoras -, que montaram sofisticados e caros departamentos de "análise" econômica, e pelas consultorias, muitas delas formadas por economistas egressos da máquina pública, como o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega.
Os repórteres recebem não apenas sugestões de pauta, mas "papers" recheados de gráficos sustentando as mais variadas teses - não por coincidência as mesmas defendidas pelo setor financeiro.
Na correria do dia a dia, ficou muito mais fácil para o repórter simplesmente aceitar essa papelada que lhe é entregue embrulhado com uma embalagem científica, do que correr atrás de uma notícia de verdade.
Com essa investida do setor financeiro, o industrial ficou relegado a um segundo plano.
A Fiesp hoje, tem um poder de lobby muito menor que qualquer banco ou corretora.
A Academia, então, inexiste para o jornalismo econômico.
Só de vez em quando alguém se lembra de entrevistar algum economista, algum professor, de uma universidade.
O noticiário econômico tornou-se um texto de uma palavra só: ortodoxia.
Qualquer um que pense diferente é visto como um alienígena, que merece, quando muito, um sorriso de desprezo.
O massacre midiático contra a política econômica do governo trabalhista é, em grande parte, fruto desse imenso lobby do setor financeiro a favor de seus interesses, do ódio patológico dos empresários de comunicação pelo PT, e da acomodação de muitos jornalistas, que se entregaram à conveniente leitura das "análises" produzidas por profissionais pagos por bancos e corretoras.
Na situação financeira ruim em que se encontram muitas empresas jornalísticas, poucos profissionais se arriscam a manter uma linha de independência.
Afinal, o preço para se rebelar contra o status quo é o olho da rua.
Muito pouco, num jornal, funciona ao acaso.
Há pauteiros, chefes de reportagem, editores, que escolhem os temas que serão abordados, aqueles que são prioridade, "quentes", e os que podem ficar na "gaveta".
Só isso já mostra como o noticiário pode ser dirigido para um lado ou para outro.
E há as fontes.
Aí reside o perigo.
Antigamente, lá pelos anos 80 e 90, as fontes dos jornalistas econômicos eram, na maioria, da indústria.
Havia, no Estadão, um setorista na Fiesp, a federação das indústrias do Estado de São Paulo.
Toda segunda-feira os diretores da Fiesp se reuniam para análise de conjuntura.
O setorista estava lá, conversava com eles e levava a notícia para a redação.
Muitas vezes essa notícia gerava uma pauta mais extensa.
Além dessas reuniões periódicas, a Fiesp se encarregava de preparar vários indicadores - faz isso até hoje -, que também viravam notícia.
Eleição na Fiesp, naquele tempo, rendia várias reportagens.
Havia poucas empresas de consultoria econômica.
O setor financeiro ficava na sua, só ganhando dinheiro.
Os anos foram se passando e a situação mudou completamente.
Hoje, as editorias são pautadas pelo setor financeiro - bancos e corretoras -, que montaram sofisticados e caros departamentos de "análise" econômica, e pelas consultorias, muitas delas formadas por economistas egressos da máquina pública, como o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega.
Os repórteres recebem não apenas sugestões de pauta, mas "papers" recheados de gráficos sustentando as mais variadas teses - não por coincidência as mesmas defendidas pelo setor financeiro.
Na correria do dia a dia, ficou muito mais fácil para o repórter simplesmente aceitar essa papelada que lhe é entregue embrulhado com uma embalagem científica, do que correr atrás de uma notícia de verdade.
Com essa investida do setor financeiro, o industrial ficou relegado a um segundo plano.
A Fiesp hoje, tem um poder de lobby muito menor que qualquer banco ou corretora.
A Academia, então, inexiste para o jornalismo econômico.
Só de vez em quando alguém se lembra de entrevistar algum economista, algum professor, de uma universidade.
O noticiário econômico tornou-se um texto de uma palavra só: ortodoxia.
Qualquer um que pense diferente é visto como um alienígena, que merece, quando muito, um sorriso de desprezo.
O massacre midiático contra a política econômica do governo trabalhista é, em grande parte, fruto desse imenso lobby do setor financeiro a favor de seus interesses, do ódio patológico dos empresários de comunicação pelo PT, e da acomodação de muitos jornalistas, que se entregaram à conveniente leitura das "análises" produzidas por profissionais pagos por bancos e corretoras.
Na situação financeira ruim em que se encontram muitas empresas jornalísticas, poucos profissionais se arriscam a manter uma linha de independência.
Afinal, o preço para se rebelar contra o status quo é o olho da rua.
http://cronicasdomotta.blogspot.com.br/2014/09/a-ficcao-do-jornalismo-economico.html
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