Perseu Abramo, no livro Padrões de Manipulação da Grande Imprensa / vi o mundo
Assim, o público — a sociedade — é cotidiana e sistematicamente colocado diante de uma realidade artificialmente criada pela imprensa e que se contradiz, se contrapõe e frequentemente se superpõe e domina a realidade real que ele vive e conhece.
Como o público é fragmentado no leitor ou no telespectador individual, ele só percebe a contradição quando se trata da infinitesimal parcela de realidade da qual ele é protagonista, testemunha ou agente direto, e que, portanto, conhece. A imensa parte da realidade, ele a capta por meio da imagem artificial e irreal da realidade que ele não percebe diretamente, mas aprende por conhecimento.
Daí que cada leitor tem, para si, uma imagem da realidade que na sua totalidadee não é real. É diferente e até antagonicamente oposta à realidade. A maior parte dos indivíduos, portanto, move-se num mundo que não existe, e que foi artificialmente criado para ele justamente a fim de que ele se mova nesse mundo irreal.
A manipulação das informações se transforma, assim, em manipulação da realidade.
[Nota do Viomundo: Perseu escreveu isso antes dos bilhões de vasos comunicantes desconcentrados da blogosfera, que deu aos leitores a oportunidade de trocar opiniões e críticas sobre o conteúdo]
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Os padrões de manipulação
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3.3. Inversão da versão pelo fato: não é o fato em si que passa a importar, mas a versão que dele tem o órgão de imprensa, seja essa versão originada no próprio órgão de imprensa, seja adotada ou aceita de alguém — da fonte das declarações e opiniões.
O órgão de imprensa praticamente renuncia a observar e expor os fatos mais triviais do mundo natural ou social e prefere, em lugar essa simples operação, apresentar as declarações, suas ou alheias, sobre esses fatos. Frequentemente, sustenta as versões mesmo quando os fatos as contradizem. Muitas vezes, prefere engendrar versões e explicações opiniáticas cada vez mais complicadas e nebulosas a render-se à evidência dos fatos. Tudo se passa como se órgão de imprensa agisse sob o domínio de um princípio que dissesse: se o fato não corresponde à minha versão, deve haver algo de errado com o fato.”
Artigo Completo, ::Aqui::
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