segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Como reverter a feminização da pobreza



Mathilde Bagneres, IPS / Envolverde

“Os governos devem implementar leis contra a discriminação e programas de ação afirmativa que ajudem as mulheres a saírem da pobreza, disse em entrevista à IPS a economista Stephanie Seguino. O “financiamento para a igualdade de gênero” está no centro de alguns dos problemas de difícil solução que as mulheres enfrentam no mundo. Também define se existe, ou não, a vontade política de destinar recursos reais para solucioná-los ou simplesmente se fala sem chegar a nada de concreto.
Entre 27 deste mês e 9 de março, ministros e delegados da sociedade civil se reunirão na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) por ocasião da 56ª sessão da Comissão sobre o Status da Mulher (CSM). A reunião deste ano é especialmente crucial porque avaliará até que ponto os governos cumpriram as promessas assumidas na 52ª sessão, em 2008, para estimular o financiamento destinado à igualdade de gênero e ao poder das mulheres.

Stephanie Seguino, professora de economia na Universidade de Vermont, nos Estados Unidos, participará dos debates da CSM como integrante de um painel sobre experiências nacionais na implementação dos acordos de 2008.

A IPS conversou com Seguino sobre como a atual crise econômica afetará as mulheres e sobre o papel dos governos na elaboração de políticas que promovam não apenas a igualdade, mas também um desenvolvimento sustentável para toda a sociedade.

IPS: Os baixos salários e o desemprego das mulheres são um problema persistente em todo o mundo desde muito antes da atual crise financeira. Como o financiamento da igualdade de gênero pode enfrentar estes assuntos?

Stephanie Seguino: Alguns dos problemas de baixos salários e desemprego das mulheres podem ser tratados por uma perspectiva de gênero ao se abordar os gastos públicos, bem como as políticas antidiscriminatórias. Claramente, são cruciais as políticas para promover a educação das meninas. Entretanto, mais do que isso, as políticas para reduzir a carga que implicam para as mulheres os cuidados de outras pessoas e para promover a participação dos homens nas tarefas de cuidados não remuneradas – como a licença paternidade – liberam tempo das mulheres para realizarem trabalhos pagos. Também ocorre que os investimentos públicos em infraestrutura, que melhoram o acesso das mulheres aos cuidados com a saúde – clínicas rurais, pessoal qualificado – e reduzem o tempo que passam em busca de água e combustível, ou levando produtos ao mercado, as ajudam a participar de atividades produtivas.
Os programas de capacitação dirigido a mulheres, especialmente para postos “masculinos” não tradicionais, são importantes. Nas economias agrícolas, os governos podem oferecer garantias de empréstimos onde as mulheres carecem de títulos de propriedade sobre a terra para facilitar seu acesso a créditos. Contudo, mesmo estas medidas serão insuficientes para combater a desigualdade salarial. Os governos têm que desenvolver e aplicar firmemente legislação antidiscriminação, e programas de ação afirmativa. Os governos podem servir como modelos, garantindo que um mínimo de postos de liderança seja ocupado por mulheres, 30%, ou mais.”
Entrevista Completa, ::Aqui::

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