Da redemocratização para cá, foi uma sucessão infindável de crises e uma oposição batalhando permanentemente para desestabilizar o governo eleito. Foi assim com Fernando Collor, com a oposição petista a Fernando Henrique Cardoso e, depois, com a oposição tucana-midiática a Lula.
Para muitos cientistas políticos, o Brasil balançava entre dois modelos políticos: o alemão, estável, com dois partidos disputando as eleições mas sem fugir muito do centro; ou o italiano, com caos político atrapalhando o desenvolvimento econômico e social.
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As eleições de 2006 foram realizadas nesse clima de guerra, insuflado pelo episódio do "mensalão" e, especialmente, pela liderança de FHC, estimulando a guerra em todos os níveis.
Eleitos os novos governadores, havia o prenúncio de um período de amadurecimento político. Em alguns estados-chave foram eleitos e reeleitos governadores capazes de definir uma oposição articulada, não deletéria. Esperava-se o nascimento de novos estadistas se contrapondo ao poder beligerante de senadores e deputados.
Esse movimento acabou abortado pela ascensão de José Serra, como candidato a candidato favorito pelo PSDB, para as eleições presidenciais seguintes e pela incrível mudança no seu perfil político.
Serra passou a comandar uma oposição deletéria, denuncista, culminando com a campanha de Internet, na qual sua adversária Dilma Rousseff era acusada de ter assassinado pessoas, matado criancinhas, ser contra a religião etc.
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Agora, tem-se o seguinte quadro. No período Lula houve uma inflexão radical no conceito de políticas públicas.
Periodicamente, a opinião pública tende a enfatizar determinados temas em detrimento de outros. Nos anos 90 até alguns anos atrás, os únicos valores percebidos eram os privatização, abertura econômica e responsabilidade fiscal – relevantes, mas insuficientes para compor uma política pública. Era uma reação ao período anterior, de desequilíbrios fiscais e economia fechada.
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Essa fase acabou com a crise de 2008, deixando consolidados alguns desses valores, mas introduzindo novos valores no jogo
Agora há novos valores em jogo, praticados não apenas em nível federal mas nos novos governadores que assumem o comando da oposição.
Em São Paulo, Geraldo Alckmin anuncia conjunto de metas sociais – o Prouni estadual, nova concepção para habitação popular, mudança no sistema educacional -, uma pacificação nas relações com sindicatos e movimentos sociais, na ênfase à parceria com o governo federal.
Em Minas ocorre o mesmo com Antonio Anastasia. Esta semana foi celebrado um acordo pelo qual o governo federal vai montar um escritório de representação no Estado, a fim de estreitas as relações entre os dois governos.
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Gradativamente vai sendo extirpado do mapa político as cenas dantescas da última campanha eleitoral, na qual o ódio e o preconceito foram elementos-chave. Passada a catarse, o país demonstra ter avançado muito mais do que a cabeça de algumas velhas lideranças.
por luis nassif
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