José Serra já deu sinais de que não aceita desistir de seu sonho presidencial, o que soa hoje, para muitos tucanos, como um pesadelo. Aécio Neves sabe que pela ordem natural das coisas agora é a sua vez, mesmo considerados todos os "senões" e nuvens imprevistas da política. Mas nem Serra nem Aécio têm condições ou disposição de medir forças abertamente neste momento. Não é a hora.
Diante do impasse existencial dos tucanos, a melhor saída, por ora, é não resolvê-lo. E é por isso que a permanência do senador Sérgio Guerra como presidente do partido por mais um mandato se tornou quase uma unanimidade.
Guerra é uma figura "boa praça" e transita bem entre as alas do partido, sem manifestar muita vontade própria. Arbitrar divergências nunca foi o seu forte. Sua manutenção seria mais ou menos a senha e a garantia de que nada de importante vai ser decidido no ninho.
Não é, obviamente, a solução ideal para um partido fragilizado e sem bandeiras definidas, que deveria passar, segundo a expressão de Aécio, por um processo de "refundação". Mas é a solução encontrada para evitar um racha mais traumático entre Minas e São Paulo.
Aécio chegou a defender o nome de Tasso Jereissati para dirigir o partido. Seria alguém capaz de fazer o diálogo entre os mineiros e Geraldo Alckmin. Serra, no entanto, não quis saber dessa solução.
O candidato tucano derrotado à Presidência parece ser hoje um quadro político com poder para vetar nomes e paralisar mudanças, mas não para construir algo em torno de si ou de interesse do partido.
Há um descompasso flagrante entre o comportamento pós-eleitoral de Serra e as expectativas dos demais líderes de peso do PSDB. Sua insistência em permanecer no jogo na condição de opção preferencial de poder é vista hoje como um estorvo, uma ambição sem lastro nas condições reais da política. A tarefa de Sérgio Guerra é ficar parado e torcer para o balão desinflar.
Fernando de Barros e Silva
By: Folha de S.Paulo
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