quinta-feira, 22 de julho de 2010

Por um instante

As coisas mudam com o passar dos anos.

Pela ordem lógica deveriam evoluir, mas eu tenho cá as minhas dúvidas quanto a essa “evolução”.

Não acredito naquela conversa de que “no meio tempo” era assim, o nosso tempo é HOJE.

Mas ao pensar sobre as crianças e adolescentes de hoje me sinto um pouco perdida.

Já foi o tempo em que as meninas andavam com roupas de “crianças meninas”, hoje disputam o lugar com as mães nos salões de beleza, pintam as unhas, tem a própria necessaire com maquiagem, usam saltos altos. Não, eu não estou falando de adolescentes, mas de meninas de 3,4,5 anos...


 
Não bastasse, os desenhos animados não se limitam mais ao Patolino, Pernalonga, a Corrida Maluca, ao Capitão Caverna...

Tudo bem, você pode dizer que aqueles desenhos animados também tinham, embora de forma sútil, um tom de sacanagem.

Oras, quem não deu risadas com o Pernalonga sacaneando o “velhinho” que tentava matá-lo o tempo todo? Quem não deu risadas com o Dick Vigarista passando a perna nos outros para ganhar a corrida maluca?


No entanto, hoje é fácil de encontrar um desenho animado às 11 horas da manhã em que o “bandido” tenta encurralar a “mocinha” para manter relação sexual à força.

Relação Sexual?

Ah, hoje isso é normal. Ali, em qualquer lugar. Adolescentes de 12 anos, para não dizer menos, em plena atividade sexual.

Os adolescentes se limitavam a fazer festinhas na garagem de casa, ir na boate na tarde de domingo onde se tomava apenas refrigerante e, com um detalhe, levados pelos pais sem que isso fosse o maior mico do mundo.

Tudo bem amavam a Madonna, hoje amam a Lady Gaga.
Gritavam pelo Menudo, Dominó e hoje se descabelam pelo Fiuk e o Luan Santana.








Mas às vezes tenho a sensação que pais, filhos e sociedade aderiram ao “liberou geral”.

Tive amigas que engravidaram na adolescência, colegas de classe que “roubavam” éter do laboratório de química para cheirar e outros que fumavam no banheiro escondidos só para ver qual era a sensação.

Mas isso não era normal.

Hoje o adolescente senta na minha frente e diz que não é usuário de drogas, apenas fuma maconha, mesclado e pó.

Isso é normal?

O adolescente estupra a menina e não se toca que a "casa caiu".

"Perdeu Playboy".

Claro que ele não vai saber, a mãe ajudou a mascarar o crime.

Eu fecho os olhos...

E por um instante sinto o vento batendo no meu rosto enquanto eu pedalo a minha “Caloi” vermelha na rua do lado de casa.

Por um instante, volto a andar de "Roller" na Rua XV de Novembro em Blumenau.

Por um instante, vejo minha coleção de “Barbies” e eu sem pretensão alguma deixando a tarde inteira passar somente brincando de casinha.

Por um instante, ouço a minha mãe dizendo: Hoje você não vai sair com as amiguinhas do Colégio e eu sofrendo como se aquilo fosse o final do mundo, mas com todo respeito acatando a ordem sem questionar.

Por um instante, vejo meu “All Star” de cano alto, na cor vermelha, no canto do quarto.

Por um instante, lembro que a minha transgressão e revolta da adolescência se resumia a gostar de Che Guevara, ouvir Legião Urbana, achar que o Brizola era a melhor pessoa do mundo, me vestir de preto por ser “Dark”, sem nem saber o que isso significava.

Por um instante...já passou.

Volto a realidade, “bora” conviver com o que está aí.

Afinal, meu tempo é HOJE.

pra que se lamentar

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