Ver como se desenrola a campanha presidencial dos tucanos-pefelistas, com tantas exibições explícitas do mais puro conservadorismo, não deixa de ser um exercício interessante. Ou reflexivo.
Nos faz pensar, por exemplo, de como este país foi infeliz há tão pouco tempo, numa época em que a liberdade - em todas as suas formas - era apenas uma concessão dos generais que se sucediam no poder.
As declarações raivosas de Serra e do tal Índio da Costa, com acusações pesadas contra seus adversários, não fariam feio se saíssem das bocas de um desses oficiais de pijama que passam seus dias no Clube Militar a recordar, saudosos, a época em que o Brasil era um imenso quartel, que acordava com uma ordem do dia sem imaginação nem esperança, e adormecia com o toque lúgubre de uma corneta desafinada.
Não há sequer um único nuance de contemporaneidade na conversa dessa gente. Para eles o mundo é uma eterna luta visando acumular mais e mais capital, uma batalha sem trégua para impedir que as pessoas melhorem de vida, para defender suas propriedades de inimigos invisíveis e improváveis.
Não aceitam que haja o menor sinal de mobilidade social, que surja qualquer indício de que a injustiça secular que predomina no país ceda um milímetro.
Usam e abusam da dissimulação, da experimentada tática de mentir, mentir e mentir até que a mentira vire uma verdade, espalham o ódio e o preconceito, cultivam um desprezo absoluto pelo contraditório, desprezam os mais fracos, mudam de cores e de caras para mostrar que são vários.
Compram consciências e almas despudoradamente, semeiam o pânico e fingem indignação com coisas que não cansam de fazer escondidos - são a encarnação da hipocrisia.
Às vezes são pegos na mentira. Já foram vistos desinfetando as mãos depois de cumprimentarem anônimos trabalhadores. São ocasiões raras, mas extremamente didáticas.
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