segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
A experiência de 2009 e os desafios de 2010
Bem, como o dia de hoje convida à reflexão e a rememoramos os fatos do ano que termina, quero lembrar um pouco das coisas que se passaram em 2009.
Um ano que começou sob a sombra de uma crise mundial que sepultou os mitos neoliberais. O “divino” capital teve de se pendurar no arcaico Estado para sobreviver.
Os pretensiosos distribuidores de regras e “notas” para nós, pobres e subdesenvolvidos, viram-se, de uma hora para outra, reprovados pelos seus próprios critérios.
Pra falar a verdade, acho que a maioria de nós gelou a espinha quando Lula vei com aquela história de que esta crise, no Brasil, seria uma “marolinha”.
Tínhamos na memória o que crises localizadas, em pequenos e distantes países, tinham feito aqui com nossa economia.
Por mais simpatia e boa-vontade que pudéssemos ter com as alterações de curso que o Governo Lula, poucos acreditavam que poderia haver uma guinada como a que houve.
Que fossemos recusar as eternas medidas de arrocho da população, que sempre acompanharam as crises.
Que fossemos apostar no vigor do povo brasileiro, aumentar salários, estimular o consumo, baratear o crédito.
Que, mesmo mantendo Henrique Meirelles. Lula fosse defenestrar a diretoria do Banco do Brasil e usá-lo para forçar uma queda nos juros cobrados no mercado. Ou comprar – justamente de Serra – a Nossa Caixa, evitando sua privatização e ampliando fortemente a presença do BB no mercado-chave do país.
Ou que fosse suspender os lesivos leilões do nosso petróleo, que seu próprio Governo já fizera, mais de uma vez.
Muito menos que fosse nacionalizar, da maneira possível, as jazidas do pré-sal.
E que fosse assumir um discurso nacionalista como há décadas não vimos um presidente assumir, malgrado todas as contradições de seu governo.
Muita coisa aconteceu em 2009. Inclusive com cada um de nós.
Percebemos com clareza que há um processo em marcha, que mesmo que não fosse um plano pessoal de Lula, a Lula fundiu-se.
Que o Governo Lula merece dúzias de críticas, é a mais pura verdade. Mas que o Governo Lula mereça oposição de nossa parte, nacionalistas, progressistas, da esquerda brasileira, é algo que só os rancores ou a sincera, mas danosa, falta de visão histórica pode explicar.
Mas, mesmo entre os que a fazem, por estas razões,a força do sentimento popular os acabará por convencer, quase todos.
Começa 2010 sob a égide de seus últimos meses, quando ocorrerão as eleições presidenciais.
O convite que faço a todos é que percebam que vamos fazer mais que escolher um presidente.
Vamos escolher um caminho.
Conseguir trilhá-lo é algo que depende não de nossa vontade, mas dos sentimentos de nosso povo.
A solidão, por mais justos e puros que sejam seus motivos, nunca é boa para a vida humana, se não é em nome de um resgate.
Mas não há resgate a fazer, senão em nossa memória histórica.
Os líderes nacionalistas do pré-64, como meu avô, Jango, Arraes, Getúlio, se foram para um exílio numa Itu que não tem volta.
Cabe-nos seguir sua luta,e isso exigirá o melhor de nós.
Precisamos vencer a eleição. Mas não apenas isso. Precisamos da polêmica que esclarece a população.
Precisamos destes novos e maravilhos meios que já não nos deixam reféns da “opinião que se publica”.
Precisamos de nós mesmos, de nossa grandeza como seres humanos, grandeza que é capaz de vencer os preconceitos, as conveniências, o marasmo.
Precisamos da coragem para enfrentar o status-quo e da sabedoria de fazê-lo de forma a sermos compreendidos e apoiados.
Que todos nós estejamos à altura deste ano novo, deste tempo novo para o Brasil.
Fonte: Brizola Neto
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