por Luiz Carlos Azenha
Moro em São Paulo. E sei, por experiência pessoal, que os paulistanos não estão satisfeitos com a vida que levam na cidade.
Uma pesquisa recente, feita pelo Ibope para o Movimento Nossa São Paulo (leia aqui), mostra que há espaço para uma candidatura corajosa, que esteja disposta a mostrar o mau gerenciamento ou a falta de gerenciamento que é a política oficial dos governos do PSDB/DEM em São Paulo. Não é que não haja governo: há governo para fazer uma ponte bonita sobre o rio Pinheiros para aparecer nos telejornais da TV Globo. Pouco importa que o rio seja podre e o trânsito horrível. Importa o cenário.
Pela pesquisa divulgada segunda-feira, os paulistanos dão nota 5 para a educação pública e 3,8 para a segurança pública; mais de 70% desaprovam a saúde pública e 77% desaprovam o tempo médio de deslocamento na cidade, que é de 2 horas e 43 minutos por dia. Se tivessem chance, 57% dos paulistanos deixariam a cidade.
A pesquisa se refere apenas aos moradores da região metropolitana de São Paulo. Sabemos que os eleitores do interior de São Paulo são mais conservadores, mas uma fatia deles também reclama dos serviços públicos, especialmente dos pedágios. No entorno da capital temos o chamado cinturão vermelho, onde um candidato de oposição à hegemonia PSDB/DEM no estado tem futuro.
Mas esse candidato precisa dizer aos eleitores que São Paulo não é assim por acaso, mas por causa de um modelo de administração que privilegia determinados interesses -- na capital, a especulação imobiliária e o automóvel --, enquanto abandona à própria sorte grande parte dos paulistas e paulistanos, como se vê quando as enchentes atingem bairros pobres.
Esse modelo está apenas se aprofundando. Em vez de dar prioridade absoluta ao transporte público, as grandes obras do atual governador contemplam o automóvel: a ampliação da marginal e do Rodoanel, que em breve serão inauguradas com grande fanfarra. Na marginal, o governador atrairá um número maior de automóveis para as margens de um rio podre, que transborda. Em vez de atacar de frente os problemas, optou por obras que rendem votos mas adiam a solução para o futuro.
Um governo que privilegia o automóvel e não o ser humano, que cobra impostos de todos mas que governa para alguns: estas são as bases gerais de uma candidatura de oposição em São Paulo. Mas exigem alguém como Ciro Gomes para encarná-la. Alguém que não tema o confronto político. Alguém que não faça campanha tentando se disfarçar de tucano.
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