quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Nossos neo liberais são mais neoliberais que os deles



Se há uma coisa em que o Brasil pode se gabar de ser líder mundial é em alienação das suas elites. O Governo Lula resguardou o pré-sal nas mãos da Petrobras, entre outras razões, para que a enorme cadeia de compras de equipamentos e serviços que ele demandará ficasse em mãos das empresas brasileiras, gerando riqueza e empregos aqui.

Bom, a lógica é que as empresas brasileiras vibrassem com a notícia, pois lhes garante mais encomendas, mais faturamento, mais crescimento (e, com ele, mais emprego). Mas a nossa Confederação Nacional da Indústria, ao contrário, reclama da medida e defende que a exploração seja aberta (leia-se, entregue aos estrangeiros) e que haja uma absoluta “liberdade” em matéria de política de compras porque, assim, as empresas brasileiras serão forçadas a ser mais competitivas.

Sabem, a gente é muito simplório e não consegue alcançar a elevação espiritual desta gente. Os fabricantes de máquinas, de equipamentos, de navios não querem a garantia de vender máquinas, equipamentos e navios, para a Petrobras. Deveriam incluir uma prova de neoliberalismo mental nas Olimpíadas, as elites dirigentes do empresariado brasileiro ganhariam o ouro, garantido.

Veja o apelo que aqueles “caipiras” atrasados que dirigem as siderúrgicas americanas dirigiram ao Congresso dos EUA para tentar evitar - sem sucesso - que se abrandassem as cláusulas do programa “Buy America”, lançado por Barack Obama para tentar tirar da crise a indústria americana:

“Um pacote de recuperação econômica com fortes cláusulas ‘Compre na América’ para projetos de investimento em infraestrutura fortalecerá a infraestrutura do nosso país, devolverá o emprego de milhões de trabalhadores americanos e ajudará a revitalizar o setor industrial doméstico - em total cumprimento com nossos acordos de comércio internacional” (carta enviada pelo Instituto Americano do Minério de Ferro e do Aço aos congressitas)

Hoje, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, teve que ficar gastando seu latim para dizer o óbvio: “” num navio, queremos ampliar o conteúdo nacional dos móveis, dos motores, dos equipamentos, do sistema de ancoragem, do sistema de radar, do sistema de geração elétrica. Tem que avançar na cadeia (produtiva). Essa é a ideia ”

A Petrobras quer comprar 30 sondas e 153 embarcações até 2013. E o presidente da estatal ainda tem que sair em palestras por aí perguntando: “ por que não fazer essa criação nova no Brasil? “.

Quem duvidar, leia aqui a matéria do Valor, de 21/10/09.

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