quinta-feira, 9 de junho de 2016

O 'japa' e o estado policial



Quando a Polícia Federal começou a fazer operações contra esquemas de corrupção, montados principalmente durante a privataria tucana, o ministro do STF, Gilmar Mendes(PSDB/MT) montou uma trupe de colegas e foi peitar o presidente Lula a estancar aquilo que chamou de estado policial, decorrendo dessa interpelação a exoneração do superintendente da época,deslocando-o para uma embaixada na Europa.

Depois disso, choveram avalanches de denúncias contra o PT, em um frenético processo de criminalização do partido, que levou alguns de seus dirigentes à cadeia, um por conta de famigerada interpretação da teoria do domínio do fato revoltando até o autor da dita cuja; e outro acusado de roubar R$50 milhões, embora sua vida modesta indicasse que a acusação era descabida.

Essa onda moralista já dura longos onze anos e, nesse período, foi substituída a expressão "estado policial" por "passar o Brasil a limpo", através de uma operação policialesca que já vai para o seu terceiro ano de existência, sem que seus operadores consigam produzir alguma coisa de valor jurídico baseado em documentos apreendidos ou fatos investigados. Valem-se apenas de vagas delações premiadas, as quais são vazadas seletivamente e dentro desse espírito sórdido de criminalização de apenas uma legenda.

Depois do país viver sob intensa boataria, em que esse procedimento indecente da mídia contando com a conivência da justiça chegou a equilibrar o jogo eleitoral em favor do candidato dessas forças, chegou-se ao inevitável ponto de ter que aprofundar as investigações, em razão da pressão popular.

Aí,chegamos novamente ao ponto que deveria ser o de partida: a busca da origem de toda a roubalheira que se queria isolar em apenas uma legenda fazendo-a pagar pelos pecados de todos, um ardil sofisticado que resultaria na mais espetacular operação-abafa de nossa história.

Frustrada a manobra, agora volta-se ao discurso da necessidade de deter o 'estado policial' que nos ameaça, tudo porque cabeças coroadas do conservadorismo que engendrou o golpe político/jurídico que apeou Dilma, de forma ilegítima, da presidência estão citados como chefes da quadrilha que não quer apurar nada, mas apenas continuar gritando 'pega ladrão!'com o produto do roubo nas mãos.

À frente dessa patranha, como sempre, o malsinado Gilmar Mendes, o anti ministro de nossa Suprema Corte na medida em que desrespeita todos os parâmetros exigidos para integrar aquela instituição.

No entanto, o pedido de prisão, feito pelo PGR e até aqui ignorado pelo STF, que preferiu falar de vazamento, não está sozinho. Basta ler essas pocilgas semanais para constatar que esses vazamentos não pararam e nem mereceram a mínima reação de indignação. Certamente é porque os vazamentos contidos em reporcagens do jornalixo abjeto voltam-se apenas contra o PT. Aí não é crime. Um país que chega nesse nível de degradação ética só poderia ter como ídolo tristes figuras como o 'Japonês da Federal'. Paciência!

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