Portinari - Retirantes
Quando escrevi, citando Samuel Johnson, que a pátria é o último refúgio dos velhacos, leitores me escreveram advertindo sobre o exagero da afirmativa.
Agora recorro a Bertrand Russell para proclamar que o nacionalismo é um exemplo extremo de crença ardente a respeito de assuntos duvidosos.
Nunca acreditei nessa história de nações pobres e nações ricas.
Desde que o primeiro homem passou a lucrar com o trabalho de outro, o que existe de fato são explorados e exploradores. Sejam eles de que nacionalidades forem.
Ou alguém acredita que o empresário brasileiro é diferente do empresário americano, japonês ou somali?
Não há a mínima diferença mesmo porque, apesar de idiomas diferentes, eles falam e sempre falarão a mesma língua.
Os explorados é que falam línguas diferentes, mesmo sendo de uma mesma nação.
Alguém consegue imaginar uma briga entre a Federação das Indústrias com a Federação dos Bancos ou com a Federação da Agricultura?
Já o contrário está sempre acontecendo. Os sindicatos e as centrais sindicais que representam os explorados estão sempre discutindo entre si, quando não, brigando.
Não é raro considerarem-se inimigas mortais.
Como se o bancário, o metalúrgico e o camponês não fossem vítimas do mesmo sistema.
Por isso, sou um dos defensores incondicionais da globalização.
E se hoje ela representa a Internacional Capitalista cabe aos que são contra a exploração do homem pelo homem transformá-la numa Internacional que pense na humanidade como um todo e no indivíduo como ser absoluto.
A globalização é tão importante quanto o ar que respiramos.
Falar em países é querer dividir o mundo em fronteiras, é apoiar as guerras onde as vítimas serão sempre os explorados.
Ou alguém conhece algum argentário que já morreu em combate?
Hoje a humanidade é administrada por um emaranhado de empresas que obedece a não mais do que quatro ou cinco corporações. E mesmo estas, têm ramificações entre si. Moldam os gostos de acordo com suas conveniências.
Nos ensinam como amar, divertir, o que e como devemos ler, a que programas assistir, que esporte praticar, o que comer, impõem até o padrão de beleza.
É uma ditadura que nos faz crer que somos livres e independentes quando na verdade estamos subjugados.
Transforma-nos em seres insensíveis, sem preocupação com o próximo, elimina do vocabulário a palavra solidariedade, nos torna impassíveis diante da fome, da miséria e das epidemias que matam seres humanos como se fossem insetos.
Transforma as guerras, um assassinato em massa, num jogo de videogame, para gozo e felicidade da indústria bélica.
Mas como toda tese (globalização) carrega consigo a antítese (corporações exploradoras) cabe a nós lutarmos pela sua síntese (uma humanidade sem fronteiras e sem explorados).
Isso é o que conta.
O resto são siglas.
http://blogdobourdoukan.blogspot.com.br/2015/08/por-uma-humanidade-sem-fronteiras-sem.html
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