BBC Brasil
Existem algumas razões evolutivas pelas quais a beleza deveria ser atemporal. Algumas características biológicas são um sinal de saúde, vitalidade e fertilidade – tudo o que é essencial para ser um bom parceiro para o acasalamento.
No entanto, quanto mais biólogos e psicólogos buscavam exemplos, mais difícil era encontrar uma base puramente biológica para a beleza.
Simetria e hormônios reprodutivos
Um rosto mais assimétrico poderia ser um sinal de fraqueza física – menos atraente para efeitos de reprodução.
Biólogos também levantaram a hipótese de que preferimos rostos que sintetizem a "masculinidade" ou a "feminilidade": o queixo largo do ator Jon Hamm para os homens; os traços delicados da modelo Miranda Kerr para as mulheres.
Novamente, a explicação para isso parecia ser bem fundamentada: a estrutura óssea reflete a quantidade de hormônios sexuais circulando pelo organismo, provavelmente anunciando a taxa de fertilidade da mulher e a dominância dos homens – aspectos importantes ao se escolher um parceiro.
A maioria dos estudos, no entanto, só examinou as sociedades ocidentais.
Quando Isabel Scott e seus colegas da Universidade Brunel, na Grã-Bretanha, decidiram abrir o leque e incluir comunidades na Ásia, na África e na América do Sul, eles descobriram uma enorme variedade de preferências.
Na realidade, apenas nas regiões mais urbanizadas eles encontraram esse tipo de atração por homens mais masculinos e mulheres mais femininas. Nas comunidades mais remotas, muitas mulheres preferiam homens com aspecto mais "feminino".
O mesmo ocorre com o corpo. No Ocidente, podemos valorizar mulheres de pernas compridas e homens menos esguios, mas entre o povo nômade Himba, da Namíbia, o gosto é o oposto.
Gosto circunstancial
"Por exemplo, em culturas nas quais a fome é um risco real, é normal ver que a preferência é por parceiros mais corpulentos, já que eles seriam mais resistentes à falta de comida", afirma Anthony Little, da Universidade de Stirling, na Escócia.
Portanto, apesar de nossos conceitos de beleza parecerem etéreos e atemporais, eles podem ser apenas o produto direto de nossas circunstâncias imediatas.
Efeito coletivo
Dessa maneira, o gosto por certos tipos de pessoas poderia se espalhar por uma população, dando forma à nossa noção de beleza.
Uma recente experiência realizada na Johns Hopkins Carey Business School, em Baltimore (EUA), usou um site de encontros que permitia que os usuários dessem notas uns aos outros.
Depois de terem se decidido, alguns voluntários eram informados sobre a nota média dada por outros usuários. Eles logo entenderam quais os tipos físicos mais populares e tentaram dar as mesmas notas a rostos de aspecto semelhante.
Pouco depois, o gosto de cada um tinha convergido – o conceito de beleza deles havia mudando apenas pelo uso do site.
Nossa atração também é formatada pela familiaridade: quanto mais as pessoas veem você com uma certa aparência, mais atraente ela parece ser.
Isso oferece uma importante lição nesses tempos da popularidade do bisturi.
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