Golpistas das ruas se unem aos golpistas da política |
O cambaleante Aécio Neves, duplamente derrotado em outubro — na disputa presidencial e na manutenção do governo mineiro —, é o mais excitado na orquestração golpista. Segundo relato do site da revista Época, pertencente à famiglia Marinho, ele agora está empolgado com a possibilidade de derrubar Dilma Rousseff. “O senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse hoje à tarde que ‘impeachment não é palavra proibida’. A frase foi dita após o tucano ter se reunido com a bancada do PSDB na Câmara dos Deputados. Ele se empolgou depois que todos os participantes do encontro — eram 45 — terem se mostrado favoráveis a pedido de abertura de processo que leve à cassação da presidente Dilma Rousseff. No começo de março, Aécio disse que impeachment ‘não estava na agenda do PSDB’”, descreve o jornalista Leonel Rocha.
Esta postura agressiva surpreendeu até um colunista da Folha tucana. Em artigo publicado nesta quarta-feira (15), Bernardo Mello Franco destacou a “guinada no discurso de Aécio Neves”. “Depois de um mês em cima do muro, os tucanos tentarão se aproximar dos movimentos que foram às ruas para pedir o afastamento da presidente. O senador evitava falar ou deixar que falassem no assunto. Há um mês, assegurava que isso ‘não estava na agenda do PSDB’. Ontem mudou de tom, ao dizer que a sigla ‘está discutindo todas as alternativas’. ‘O que eu posso dizer é que nós estaremos sintonizados com a sociedade, com esse clamor das ruas’, afirmou. Segundo aliados, Aécio decidiu ir ao ataque por entender que estava frustrando suas bases. Ele foi duramente cobrado nas redes sociais e no partido por não ter ido às novas manifestações no último domingo”.
O PSDB inclusive já solicitou ao jurista Miguel Reale, ministro da Justiça no detestado governo de FHC, um estudo sobre o pedido de impeachment contra Dilma. “Os tucanos resolveram agir embalados pela pesquisa Datafolha que mostrou que 63% apoiam a abertura de processo contra Dilma. Reale ainda analisa o caso para ver se há viabilidade jurídica... Depois da queda significativa de público nos atos do domingo, parte do tucanato avaliou que, se o partido não for ao ataque, perderá o timing, repetindo a trégua que deu a Lula após o mensalão, em 2005”, relata a coluna Painel, da mesma Folha tucana. No mesmo rumo, o Solidariedade, sigla criada pelo oportunista Paulinho da Força, intensificou a coleta de assinaturas pelo impeachment; o “ético” Agripino Maia, presidente do falido DEM, afirma que “agora a oposição está unida” para depor Dilma; e o ridículo PPS do medíocre Roberto Freire já fala na cassação do registro do PT.
Essa aventura golpista, caso se concretize, tenderá a radicalizar ainda mais o cenário político no Brasil. Os grupelhos fascistóides que convocaram os recentes protestos contra a presidenta reeleita já anunciam que pretendem mudar de tática. “A fórmula de atos não teve o efeito esperado”, avalia Renan Santos, líder do sinistro Movimento Brasil Livre. Tanto o MBL como o “Vem pra Rua” afirmam que concentrarão suas energias no Congresso Nacional, forçando o parlamento conservador a aceitar a abertura do processo de impeachment. "O que faremos daqui para frente é monitorar o Poder Legislativo sobre o que vão fazer diante das demandas apresentadas nas ruas", rosna Rogério Chequer — também batizado de “Chequer Sem Fundo” —, porta-voz do “Vem Pra Rua”. Os fascistas mais exaltados já falam em “incendiar” o Congresso Nacional. A coisa vai esquentar!
Nesta cavalgada insana e destrutiva, nem os partidos da direita estão salvos. Pesquisa realizada durante o protesto na Avenida Paulista, no domingo passado, evidenciou que o ódio fascista, contra os partidos e a democracia, está em alta. Os manifestantes não rejeitam apenas o PT e a presidenta Dilma. Apenas 26% dos entrevistados disseram confiar em Aécio Neves — 76% não deram qualquer crédito ao cambaleante mineiro. Já 75,4% deram pouco ou nenhum crédito para o ex-governador paulista José Serra. “Entre um público que se autodefine como de direita ou de centro-direita, os políticos de oposição deveriam estar melhor colocados. A despolitização é impressionante”, observa Esther Solano, coordenadora da pesquisa. Não é para menos que tanta gente não se contenta apenas com o impeachment de Dilma e reivindica a volta da ditadura militar.
O ovo da serpente foi chocado pela mídia e pela oposição golpista.
Altamiro Borges
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