Houve um tempo no Brasil que um certo prefeito de São Paulo que teve seu nome transformado em verbo e dicionarizado (malufar), criou um partido político cujo programa era absolutamente conservador e o denominou de PP, Partido Progressista. Naquele tempo, nem os mais empedernidos direitosos se diziam de direita. Eles existiam e e eram fortes, mas se proclamavam progressistas. Porque no pós-ditadura a direita havia sido simbolicamente derrotada
O PP ainda está aí vivinho da silva e é o partido com mais parlamentares envolvidos na Lava Jato. E, diga-se, é da base governista liderada por um partido que por um bom tempo foi considerado de esquerda, o PT.
O PT de hoje é bem diferente do que já foi. Não se pode dizer o mesmo do PP, eles estão onde sempre estiveram. Mas hoje tem lideranças populares que se proclamam de direita, como Bolsonaro.
Hoje a direita perdeu a vergonha. Esse é o fato político mais importante dos últimos anos.
Cada vez mais jovens se manifestam em defesa da ordem e da volta dos militares ao governo. Cada vez mais grupos se organizam defendendo valores conservadores sem dourar a pílula.
E ao mesmo tempo, o partido mais importante que a esquerda brasileira já produziu na sua história democrática cada vez mais disfarça para defender propostas progressistas.
Enquanto a direita defende a pena de morte, candidatos do PT se negam a defender em campanhas eleitorais a desmilitarização da polícia, porque, em tese, isso tira votos.
Enquanto a direita grita em alto e bom tom que é contra a descriminalização das drogas, o direito união civil dos homossexuais e a legalização do aborto, os políticos do partido que representa boa parte dos cidadãos mais à esquerda no espectro ideológico no Brasil fogem dessas temáticas como o diabo da cruz.
A direita está ganhando cultural e simbolicamente a disputa ideológica.
A direita perdeu a vergonha.
E a resistência de esquerda está ficando confinada a grupos de direitos humanos, à mídia livre e aos movimentos populares mais autônomos
Mesmo nas organizações tradicionais intermediárias que atuam no campo popular, as pautas de esquerda têm sido mais simplificadas a questões corporativas.
E não há como resistir e derrotar um projeto ideológico sem embate. Sem disputa. Sem colocar estacas e firmar cercas. Sem dizer quem está de um lado e de outro.
Na confusão, ganha quem grita mais alto. E na confusão de hoje as pessoas não sabem se o governo liderado por uma petista é de esquerda, de centro, de direita ou muito pelo contrário.
O fato é que os maiores responsáveis pelo avanço da direita que vai turbinada às ruas no dia 15 são exatamente aqueles que até se dizem de esquerda, mas que não fazem o embate político e cuja atuação é absolutamente conservadora.
A direita sem vergonha nasceu da costela da esquerda envergonhada.
Foto: Oswaldo Corneti/ Fotos Públicas
http://www.revistaforum.com.br/blogdorovai/2015/03/11/o-avanco-da-direita-sem-vergonha/
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