O documentário Dançando com o Diabo mostra a complexidade das favelas cariocas na visão de três personagens ligados diretamente ao tráfico de drogas: um pastor, um policial e um traficante.
Em nenhuma hora há críticas ou um processo de autocrítica por parte dos policiais em relação à repressão policial nas comunidades e muito de menos em relação ao papel da polícia num sistema de opressão e da luta de classes que temos na atualidade.
No entanto isso aparece quando a voz é dada aos traficantes. Além disso, os traficantes não costumam dividir a sociedade entre “bons” e “ruins”, vê o processo como natural em termos de resistência e opressão.
O pastor, talvez, seja entre os três personagens com segundas intenções. A Igreja faz um trabalho de assistência social sim, mais o objetivo não é humanitário. O economicismo está na consciência de resistência do traficante, não aparece quando personagem é o policial. E, embora camuflado, pode se encontrar muito bem na figura do pastor.
Parece que para o investigador a questão é ideológica, ou seja, uma causa sentimental em favor de uma sociedade pacificada de forma geral. Os depoimentos reforçam falta de conteúdo crítico dos policiais em suas incursões nas favelas. Em outras palavras: reforça elementos presente em movimentos fascistas que a polícia é acusada de ter como princípio. Mais essa ideologia dos “homens da lei”, ou seja: combater o mal em nome do bem é elemento principal para manter o sistema de opressão, repressão e exploração em funcionamento quanto se trata de comunidade sem cidadania, tráfico de drogas e ordem social de uma sociedade de classes.
Mais é no pastor que o objetivo, travestido de causa humanitária, é mais economicista. E o cara que é apresentado como elemento imparcial, mais é na verdade um populista. Um cara que ganha, e muito, com a situação atual. Talvez, mais que o policial de elite, que ao contrário do pastor, não tem laços com comunidade.
Em resumo, o traficante vive, resiste e sobrevive. O policial é um elemento externo, que não tem quase nada a ver com a comunidade afetada, que age sem senso crítico e em nome de uma política sistemática recheada com uma cobertura ideológica das classes dominantes. O Pastor, embora pertencente à comunidade, é o cara que ganha – poder, influência e dinheiro. Não teria sucesso sem a situação caótica que se tem.
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