Por acaso, escutei ontem, na rádio Bandeirantes, algo que julgava impossível nesta fase da vida: o repórter perguntar a uma pessoa qualquer (o chamado "popular") o que ele achava do aumento da gasolina!
Imaginava que perguntas como essa nem o mais foca dos focas seria capaz de fazer hoje em dia.
Tolice minha.
O "novo jornalismo" brasileiro supera a mais fértil imaginação, é capaz de realizar proezas fantásticas.
Como, por exemplo, o editor dessa "reportagem" da Bandeirantes escolher respostas sobre o impacto do aumento da gasolina na vida dos entrevistados - anônimos - mais ou menos desse tipo:
- Para mim esse aumento vai representar um gasto extra diário de R$ 50.
R$ 50 por dia!
E o repórter nem perguntou que veículo extraordinariamente gastador esse sujeito tinha, ou quanto mil quilômetros ele rodava diariamente!
Como se diz por aí, eles se merecem...
O pior é que a rádio Bandeirantes, porém, não é um caso isolado.
O jornalismo no Brasil é isso aí, virou apenas, com raras exceções, um instrumento da luta política, ou se quiserem, da luta de classes.
Dominada por "30 Berlusconis", na definição da ONG Repórter Sem Fronteiras, nossa imprensa faz tudo, menos o que deveria fazer.
De uma pobreza técnica de dar dó, com "profissionais" despreparados, alguns semialfabetizados, outros completos analfabetos, seu exercício diário é mostrar ao distinto público que o Brasil é uma porcaria, que nada aqui funciona, que a corrupção é a regra, que a inflação está descontrolada, que vai haver racionamento de energia - e que o culpado de tudo é o governo, o federal, é claro, pois, pelo menos no Estado de São Paulo, o pobre Geraldo "Picolé de Chuchu" Alckmin não faz mais em prol da população porque, novamente, o governo federal, malvado, o impede.
E, em meio a tudo isso, os tucanos querem processar a presidente Dilma por ela ter usado vermelho na televisão...
Se isso não é o fim do mundo, acho que significa que ele está bem perto.
cronicasdomotta
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