segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O MASSACRE DO PINHEIRINHO E O NOVO PARADIGMA

Estive acompanhando os noticiários sobre a atuação do governo paulista e da sua PM na reintegração de posse de um terreno no Pinheirinho, bairro de São José dos Campos, no Estado de São Paulo. Na calada da madrugada deste domingo, em nome de um Estado de Direito ridículo e opressor, a PM paulista invadiu o lugar e lá promoveu uma verdadeira carnificina.
Como a PM fechou todas as entradas e saídas do lugar, não se sabe a quantidade de mortos e feridos e nem as perdas materiais dos que ali moravam. O que se sabe é que o governador Alkimin, usou de má-fé ao quebrar um acordo prévio que fizera com alguns parlamentares do PT e do PSOL, para que houvesse uma solução pacífica para o entrave do terreno. Neste terreno, cuja propriedade é supostamente de uma massa falida em nome de Naji Nahas e Daniel Dantas, moravam 1.600 famílias que esperavam desde 2004 a promessa de regularização das terras pelo governo de São Paulo.
Minha colocação não significa que sou a favor do desrespeito à decisão judicial. Porém, como havia uma negociação em andamento - inclusive com a Secretaria da Presidência da República, Secretaria de Direitos Humanos e Ministério da Justiça -, a forma truculenta e covarde da PM de São Paulo só reforçou a ideia do quanto o governo tucano é reacionário e inepto, pois a invasão acabou gerando conflitos entre moradores e policias militares.  
Para a sociologia moderna a violência e conflitos são provenientes de um controle social que legitima o Estado a agir justamente contra aqueles que não sentem a presença do próprio Estado. Em nome de um Estado de Direito e defesa do cidadão usa-se mecanismos de controle aos movimentos sociais, em nome de ordem constituída que tem como objetivo proteger justamente àqueles que gozam de cidadania plena. Essas ações são frutos de adaptações ou ajustamento ao sistema e foram forjados para controlar, vigiar e punir aqueles que desrespeitam os valores legais e culturais constituídos. Essa postura é em nome de uma ordem manifesta e constituída, originárias de um conceito subjetivo que legaliza todo processo repressivo contra os movimentos sociais.
A subjetividade nada mais é que o contexto histórico social analisado pela conjuntura vigente e que dá caráter formal ao processo de violência e enquadramento legal àqueles que quebram as regras estabelecidas por essa ordem. É justamente a lei que defende os interesses do cidadão que violentam àqueles que querem ter sua cidadania respeitada, isto é, são regras provenientes de ideias abstratas que, depois de normalizadas, agem com intuito de subordinar àqueles que querem ver seus direitos reconhecidos pelo Estado.
O caso do massacre dos moradores do Pinheirinho configura-se como sendo o reconhecimento desses valores subjetivos, deletérios, os quais forjaram um paradigma funcional que dá ao Estado o direito legítimo de violentar aqueles que não seguem seu postulado.
No meu ponto de vista o processo que norteará a mudança desses paradigmas está no entendimento dessa realidade nefasta, a qual deve ser manifestada nas urnas o desejo de ter um novo modelo que legitime o direito de todos à cidadania plena. Porém, para isso acontecer é preciso que esses pobres que votam nos tucanos entendam que não querem mais ser massacrados por eles.

no amigos do jekiti

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