São Paulo - A incineração de lixo e a parceria de cooperativas e prefeituras temas centrais nesta quarta-feira (22) na Expocatadores. No encontro internacional realizado na capital paulista, participantes lembraram da pressão econômica contrária à coleta seletiva de lixo e pela adoção de soluções como a dos incineradores.
O jornalista Washington Novaes afirmou que o modelo atual de gestão de resíduos é um estímulo ao desperdício e defendeu a existência de uma taxa para empresas e pessoas que geram resíduos. “Para as empresas de coleta, quanto mais lixo melhor. Elas ganham por tonelada recolhida", afirmou o jornalista. A cobrança aos "produtores" incentivaria a separação e o reaproveitamento.
A queima de resíduos, normalmente para geração de energia elétricas, vem sendo discutida por prefeituras como a de São Bernardo do Campo (SP). A saída conta com incentivos do mercado de créditos de carbono, gerenciado pela Organização das Nações Unidas (ONU) conforme o Protocolo de Kyoto. A administração do município promete ampliar a coleta seletiva e incentivar cooperativas antes de instalar o equipamento.
Porém, para ambientalistas e catadores de material reciclável, a incineração pode representar problemas se for adotado como alternativa apenas aos aterros sanitários. O representante do Ministério do Meio Ambiente, Silvano Silvério, expôs seus motivos para defender medidas anteriores à implantação da queima de lixo.
Para ele, o método até pode ser uma saída para a coleta, mas é necessário que, antes, haja a conscientização de que é preciso buscar a redução do descarte, o reaproveitamento e a reciclagem de material. Somente a partir daí é que os resíduos poderão ser destinados ao tratamento enérgico. "Não se pode brincar de incinerar", alerta Silvério.
Os catadores, que em muitas ocasiões referem-se ao modelo como "dragão fumegante", temem que os incineradores reduzam a disposição de se promover a coleta seletiva e a separação de materiais recicláveis.
O debate sobre os efeitos da incineração na cadeia de coleta seletiva e reciclagem no Brasil na Expocatadores contou com a participação ainda de Cícero Blay, da Itaipu Binacional e André Abreu, da Fundação France Libertés. A discussão levantou também temas polêmicos como o desperdício de materiais causado pela incineração, o alto custo para controle dos gases que poluem o ar e a não geração de empregos.
Nesta quinta-feira (23), o evento contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pelo oitavo ano consecutivo, ele participa da festa de Natal da população em situação de rua e dos catadores de materiais recicláveis. Neste ano, o presidente terá a companhia de Dilma Roussef, que assume o cargo em janeiro de 2011.
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