A Petrobras só se livrou da extorsão, da especulação e da corrupção da imprensa quando criou seu blog Fatos e Dados, mostrando, em tempo real, a manipulação da reportagens que saíam na imprensa contra a empresa.
A Telebras, assim que for reativada, se não tiver empecilhos jurídicos, precisa fazer o mesmo.
O lobby contra sua criação se mistura com a campanha eleitoral. Lobistas concorrentes do setor de telecomunicações plantam noticias na imprensa para sabotar a Telebras, e a imprensa junta o "útil com o agradável": junta o interesse econômico com o interesse em derrubar a continuidade do governo Lula.
É preciso lembrar, que as Organizações Globo é acionista da NET, o portal IG pertence à Oi, e estas empresas não querem a Telebras como concorrente no mercado de Banda Larga.
A Telefonica da Espanha detem o portal Terra e tem sociedade com o grupo Abril.
Folha e Estadão, tem as teles entre os seus maiores anunciantes.
Neste quadro fica difícil encontrar jornalismo "isento" que vá publicar coisas contra os patrões e contra os melhores clientes anunciantes.
Uma peça movida neste jogo de interesses é a notícia "Dirceu recebe de empresa por trás da Telebrás" na Folha de José Serra (jornal Folha de São Paulo).
A notícia é no mínimo contraditória, pelos motivos comentados a seguir.
Segundo a Folha:
"O ex-ministro José Dirceu recebeu pelo menos R$ 620 mil do principal grupo empresarial privado que será beneficiado caso a Telebrás seja reativada, como promete o governo.
O dinheiro foi pago entre 2007 e 2009 por Nelson dos Santos, dono da Star Overseas Ventures, companhia sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, paraíso fiscal no Caribe. Dirceu não quis comentar, e Santos declarou que o dinheiro pago não foi para “lobby”.
Tanto a trajetória da Star Overseas quanto a decisão de Santos de contratar Dirceu, deputado cassado e réu no processo que investiga o mensalão, expõem a atuação de uma rede de interesses privados junto ao governo paralelamente ao discurso oficial do fortalecimento estatal do setor.
De sucata a ouro
Em 2005, a “offshore” de Santos comprou, por R$ 1, participação em uma empresa brasileira praticamente falida chamada Eletronet. Com a reativação da Telebrás, Santos poderá sair do negócio com cerca de R$ 200 milhões.
Constituída como estatal, no início da decada de 90, a Eletronet ganhou sócio privado em março de 1999, quando 51% de seu capital passou para a americana AES. Os 49% restantes ficaram nas mãos do governo. Em 2003, a Eletronet pediu autofalência porque seu modelo de negócio não resistiu à competição das teles privatizadas.
Resultado: o valor de seu principal ativo, uma rede de 16 mil quilômetros de cabos de fibra óptica interligando 18 Estados, não cobria as dívidas, estimadas em R$ 800 milhões.
Diante da falência, a AES vendeu sua participação para uma empresa canadense, a Contem Canada, que, por sua vez, revendeu metade desse ativo para Nelson dos Santos, da Star Overseas, transformando-o em sócio do Estado dentro da empresa falida."
Quanto às atividades privadas de José Dirceu, só ele pode responder por elas, e ele usa seu blog para isso.
Porém, mais do que as versões, o que mais interessa são os fatos e dados sobre os bens públicos, e estes fatos desmontam a tese da Folha.
Pelo que a Folha apurou, sua conclusão foi errada:
1) A Eletronet é massa falida. Seus bens, se liquidados apurando valores, irão para pagar os credores da dívida que a levou a falência, e não para os acionistas da Eletronet, entre eles Nelson dos Santos, como diz a Folha.
2) Reativar a Telebras não é ressuscitar a empresa Eletronet, que já está falida. Pelo contrário, é colocar uma pá de cal na empresa Eletronet, retirando seu principal bem em disputa judicial: a rede de fibra ótica. Isso em nada beneficiaria Nelson dos Santos.
Nessas circustâncias, como Nelson dos Santos ganharia R$ 200 milhões? Cabe à Folha explicar essa "reporcagem".
Em tempo: o blog do Nassif traz mais apurações que ele fez sobre o caso.
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