por Luiz Carlos Azenha
As cenas espantosas que os brasileiros testemunharam nas últimas horas nos portais da internet e nas telas da televisão devem servir de alerta. Oferecem uma oportunidade e um risco.
A reportagem de Rodrigo Vianna para o Jornal da Record, irretocável, reuniu uma sequência que provocou engulhos na plateia: empresários, integrantes do governo do Distrito Federal e do Legislativo de Brasília protagonizaram sem saber, diante das câmeras, atos pornográficos com dinheiro público.
Todos nós sempre desconfiamos que era assim, mas ver aquilo acontecer diante das câmeras não deixa de ser chocante: dinheiro vivo passando de mão em mão, sem que qualquer dos envolvidos esboçasse qualquer desconforto, como ratos que se atiram sobre o dinheiro do contribuinte...
E, a essa altura do espetáculo, não interessa quem são, nem a que partido pertencem. Sim, sim, eu sei que a primeira reação de muitos é de apreciar o desmanche da hipocrisia daqueles que se anunciavam como guardiães da moral e dos bons costumes.
Para além disso, no entanto, é preciso cuidar para que esse espetáculo dantesco não contribua ainda mais com a completa e absoluta desmoralização da política. Sinceramente, acho difícil.
Mas é preciso perguntar: a quem serve a desmoralização da política? Obviamente, àqueles que não podem ascender ao poder pela via eleitoral, àqueles que não apresentam um projeto coerente capaz de empolgar os eleitores, àqueles que no Brasil, na hora agá, preferem produzir argumentos para justificar o caminho extralegal (como aqui, por exemplo) do que depender da decisão da maioria.
Que o escândalo atual sirva para produzir algum tipo de consenso em torno de uma reforma política que resgate, se isso ainda é possível, algum tipo de confiança dos eleitores. Caso contrário, aqueles que celebram agora podem pagar caro mais adiante.
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