“Não ignore as mudanças do Brasil de Bolsonaro”, adverte Leandro Demori em artigo publicado no Intercept Brasil, em 28/10/2018.
Dois trechos se destacam. O primeiro fala em “fim da internet”:
Todo o caos fértil que a rede nos pareceu em meados dos anos 90 e depois, toda aquela libertação dos meios tradicionais nos anos 2000, se transformou em um engenho de algoritmos no qual nós somos os animais a empurrar a roda. Animais que votam com a cabeça entupida de desinformação.
O segundo é sobre uma imprensa moribunda:
É preciso também falar sobre a insistência da imprensa em conversar só com a elite intelectual. Sobre o linguajar complicado, a profusão de jargões, as matérias escritas para serem elogiadas pelos colegas jornalistas, para terem lugar cativo nas newsletter de iniciados, e para serem ignoradas pela população em geral. Esse sistema perdeu, foi humilhado por memes e notícias falsas. A separação antiga entre “jornalismo e opinião” – como se não pudesse haver “jornalismo” mentiroso e “opinião” informativa e embasada – perdeu o sentido. Porque não importa o que nós, jornalistas, achamos sobre esses velhos cânones, o que importa é a percepção das pessoas.
Segundo ele, não “é mais possível construir uma manchete em que Bolsonaro acusa o PT de fraude nas urnas sem dizer que ele não tem provas”.
E conclui: “O jornalismo precisa parar de fingir que não é parte do jogo e que existe só para ‘reportar os fatos’”.
Se Demori espera ser ouvido pela grande mídia, jamais conseguirá. Mas suas advertências são perfeitas para a imprensa de esquerda. Este setor que também precisa ser salvo do falecimento.
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