Marxismo cultural. Este é um dos inimigos criados pela extrema-direita para justificar seus ataques não apenas à esquerda, mas às liberdades democráticas em geral.
Trata-se de uma das principais farsas a sustentar o atual governo brasileiro, mas que também aparece no discurso de outros governos ultraconservadores pelo mundo.
Não é verdade que a produção acadêmica, a grande imprensa e a indústria cultural estejam dominadas por esquerdistas. Mas quem permitiu a criação desse mito foi a própria esquerda.
Fizemos isso ao permanecer na luta econômica e abandonar a resistência às perseguições racistas, machistas, sexistas, homofóbicas. Ao concentrar esforços nas lutas contra as opressões e subestimar o combate à imensa desigualdade capitalista. Ao limitar nossa compreensão teórica sobre como funciona a dominação burguesa a alguns departamentos universitários e nichos editoriais.
Fizemos isso, em resumo, ao deixarmos de ser anticapitalistas em todas as dimensões da vida. Quando nos tornamos apenas sindicalistas, somente pesquisadores, meros militantes profissionalizados, não mais que defensores identitários da diversidade cultural, étnica, erótica, sexual, artística...
Tudo isso nos levou a testemunhar passivamente a transformação de muitas de nossas causas em mercadorias culturais da indústria de informação e diversão ou moedas de troca política.
Foi assim que tanto a esquerda institucional como a anticapitalista se tornaram prisioneiras da hegemonia da grande burguesia que vem sendo combatida pelo fanatismo da burguesia pequena. Ambas a serviço da produção e reprodução social do capital, que segue destruindo milhões de vidas ou sua dignidade.
O marxismo cultural é apenas uma caricatura. Mas estamos presos nela. Pelo menos, até que a luta de classes nos permita enxergar as saídas que, certamente, surgirão.
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