“Sem o seu trabalho, um homem não tem honra. E sem a sua honra, se morre, se mata. Não dá pra ser feliz...”, diz a bela canção de Gonzaguinha.
Para Marx o que define o ser humano é o trabalho. Não precisa ser marxista para concordar. Basta olhar em volta.
No entanto, não é marxista considerar que se trata de qualquer trabalho. Só serve aquele que seja atividade criativa. Transformadora não apenas do mundo material, mas do próprio trabalhador.
O desemprego é uma das mais graves doenças sociais da contemporaneidade. Mas ter um emprego está longe de garantir alguma realização pessoal.
Essa é uma verdade óbvia para muitas ocupações mal remuneradas, pesadas, cansativas, repetitivas, humilhantes, sujas e insalubres.
Mas isso é menos evidente para os “shit jobs”, ou “trabalhos de merda”, conceito criado pelo antropólogo David Graeber.
Segundo ele, trata-se de um tipo de atividade criada pelo mundo corporativo sob o capitalismo financeiro. Uma “forma de trabalho assalariado que é tão inútil, desnecessária ou daninha, que até mesmo o próprio trabalhador não consegue justificar sua existência, ainda que – como parte de suas condições de emprego – se sinta obrigado a fingir o contrário”.
Assessores que não assessoram. Executivos que nada executam. Inúmeras reuniões e decisões sem qualquer objetividade. Enormes relatórios que ninguém lê. Tudo isso em empresas altamente lucrativas.
Mas não é verdade que esse tipo de trabalho não produza nada. Produz depressão, infelicidade e, principalmente, desperdício e concentração de recursos numa sociedade e planetas tão carentes deles.
Só um sistema de bosta para criar um trabalho bem remunerado com o qual não dá pra ser feliz.
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