O EXCELENTÍSSIMO SENHOR PREFEITO É UM PERFEITO... HISTRIÃO!!!
Histrião: diz-se de um homem miserável e envilecido, que se faz notar pela abjeção dos atos que pratica.
Histrionar é oferecer um espetáculo cômico, contrair a face grotescamente, vestir-se com espalhafato. Histrionar também significa pôr para fora a miserabilidade das dores humanas. Dá no mesmo.
Se Caldas Aulete estiver certo nessas definições, está explicado por que alguns governantes, ao assumirem posturas histriônicas, podem estar praticando catarse, quer dizer, aliviando suas almas das próprias miserabilidades humanas. O perigo é que está em jogo a sobrevivência dos governados.
Atemorizam o eleitorado tais governantes histriônicos empenhados a expulsar conteúdos internos tenebrosos. Nestes casos, agita-se a lei natural de sobrevivência dos súditos.
Eu não conseguiria produzir mais do que uma notinha de umas 8 linhas sobre o tema. O assunto é bom mas não estou bom para o assunto. Invade-me uma implacável indignação com o sarcasmo de histriônicos governantes, durante a propaganda eleitoral e a partir do instante em que assumem o poder.
Jânio Quadros, professor que se fingia de pobretão. |
Governantes sérios pelo menos nas expressões faciais, com posturas comedidas, se não para merecerem credibilidade, indispensáveis para se cumprir educadamente o cerimonial do cargo e evitarem o ridículo. Esta é a exigência mínima para quem se satisfaz com a democracia que aí está.
Sem ânimo para listar pelo menos meia dúzia de personagens marcadamente histriônicos da vida do Brasil, falarei então de dois deles, um antigo, um atual.
O Brasil submergia na guerra civil da inflação de 100% ao ano, na estagflação, no assédio militar por golpes de estado, e eis que é premiado com um leve e solto Jânio da Silva Quadros, homem de discursos inflamados, a proibir, quando presidente, o uso de biquínis nas praias e o acesso de funcionárias públicas ao trabalho de minissaia.
João Dória travestido de gari... |
Candidato a presidente teatralmente descabelado, histrionicamente descabelado, Jânio vestia roupas amassadas, espalhava talco no paletó escuro para parecer caspento e ostentava sanduíches de mortadela nos bolsos.
Eu sou um homem pobre! era um de seus bordões. E varre, varre, vassourinha, varre varre a bandalheira, a música com que Jânio prometia acabar com a corrupção, equilibrar as finanças públicas e diminuir a inflação. O povo acreditou, o povo sempre acredita, tamanho o poder de convicção das histrionices.
Eu sou um homem pobre! era um de seus bordões. E varre, varre, vassourinha, varre varre a bandalheira, a música com que Jânio prometia acabar com a corrupção, equilibrar as finanças públicas e diminuir a inflação. O povo acreditou, o povo sempre acredita, tamanho o poder de convicção das histrionices.
Possa falar? Jânio foi meu professor de Português e de minhas três irmãs no ginásio Vera Cruz, no Brás. Minha mente infantil já parodiava então as sagradas escrituras; as muitas letras que tinha o faziam delirar, supunha eu.
Passemos ao segundo histriônico a que me referi, permitam-me: João Agripino da Costa Dória Júnior, eleito prefeito de São Paulo
...e comendo pastel de feira. |
De antepassados abastados, ele mesmo um abastado às próprias custas. Nada contra. Como trabalha esse moço, desde criança!
Os ricos, melhor dizendo osempreendedores oferecem o maior bem que um humano pode aspirar, que é o emprego. Muito bom. Pelo menos enquanto nosso cambaleante sistema capitalista e sua vampiresca globalização conseguirem se manter de pé.
Pelo visto até agora, tais as histrionices trombeteadas desde o período da propaganda eleitoral até a posse, pode-se dizer ao mundo, não a São Paulo apenas, que esta quarta metrópole do planeta começa a ser governada por um garoto que se fantasiou de gari (feito um palhaço de vassoura na mão a varrer as ruas...), de poses estudadas para as câmeras como grande gestor.
Não, não, esta não, não é verdade. Dória sempre esteve mergulhado até o pescoço, isto sim, nas lides políticas.
Um ator que coloca tapumes e telas nos viadutos para ocultar moradores de rua.
Que chega sôfrego, com o pêndulo da direita, para tirar o leite das crianças e o transporte escolar.
Há nos histriônicos algo dos risos dos palhaços tristes.
https://naufrago-da-utopia.blogspot.com.br/2017/01/o-excelentissimo-senhor-prefeito-e-um.html
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