"Vivemos em plena cultura de aparências. O contrato
de casamento importa mais que o amor; o funeral,
mais que o morto; a roupa, mais que o corpo; e
a missa, mais que Deus." (Eduardo Galeano)
Um provérbio popular diz que as aparências enganam. Ainda que, muitas vezes, a aparência condiga com o conteúdo, devemos ter cuidado com aquilo que aparenta ser o que não é. Neste sentido, o que significa mesmo a tal onda conservadora que varre o mundo?
As crises de viabilidades sociais havidas nos últimos cinco séculos sempre apontaram para rupturas com o modelo exaurido, ainda que isto não representasse emancipações humanas no sentido de práticas sociais horizontalizadas e equânimes do ponto de vista da produção e distribuição de bens e serviços indispensáveis à vida social. Mas, representaram mudanças profundas com marchas e contramarchas (vide décadas iniciais da Revolução Francesa).
É que, a cada alteração substancial do modo de produção dos bens e serviços produzidos socialmente, modificam-se as estruturas jurídicas e sociais de poder.
É que, a cada alteração substancial do modo de produção dos bens e serviços produzidos socialmente, modificam-se as estruturas jurídicas e sociais de poder.
A onda conservadora que hoje grassa mundialmente não significa exatamente aquilo que aparenta. Como num tsunami, em que a praia fica primeiramente deserta de água em razão do recuo do mar, tal momento apenas representa a inundação iminente e violenta.
Faço tal comparação para dizer que a onda conservadora pode preceder a uma exigência de transformação social impelida pela própria realidade, pela necessidade, o que necessariamente não significa que teremos avanços sociais. Estes só virão a partir de uma práxis orientada por uma teoria que saiba para onde irmos.
Faço tal comparação para dizer que a onda conservadora pode preceder a uma exigência de transformação social impelida pela própria realidade, pela necessidade, o que necessariamente não significa que teremos avanços sociais. Estes só virão a partir de uma práxis orientada por uma teoria que saiba para onde irmos.
Vivemos sob um modo de mediação social baseado na produção de mercadorias e de valor através do trabalho abstrato (questão de forma) que não se adequa ao conteúdo dessa mesma produção, hoje fundada na alta tecnologia e cujos níveis de produtividade se tornaram incompatíveis com a exigência de produção de valor (questão de conteúdo). No organismo social mercantil falta sangue,– ou seja, dinheiro válido, advindo da produção.
A História nos ensina que, ao alterar-se um modo de produção, muda também a forma de sociabilidade. Esta incompatibilidade exige uma que a forma se modifique para adequar-se aao conteúdo da produção. Este é o xis da questão.
Evidentemente, as escolas, as academias, os teóricos dos partidos políticos (são poucos os que ainda os possuem!) e a grande mídia deixam de explicar isto para o grande público, que assim não tem como sabê-lo. Trata-se de uma negação proposital de acesso à informação, para que os donos do poder continuem controlando as suas precárias rédeas, prestes a se romperem.
A onda conservadora, antes de confirmá-los no poder permanentemente, apenas lhes dá um alerta: Consertem tudo isso aí, sob pena de não conseguirem conter a avalanche de insatisfação que sobrevirá!. Como tal conserto é impossível dentro da lógica de reprodução do capital sob a qual governam e se beneficiam, as turbulências são inevitáveis.
Há indícios claros do tsunami:
A onda conservadora, antes de confirmá-los no poder permanentemente, apenas lhes dá um alerta: Consertem tudo isso aí, sob pena de não conseguirem conter a avalanche de insatisfação que sobrevirá!. Como tal conserto é impossível dentro da lógica de reprodução do capital sob a qual governam e se beneficiam, as turbulências são inevitáveis.
Há indícios claros do tsunami:
– a rejeição aos candidatos a prefeito por parte de expressiva parcela do eleitorado das cidades mais politizadas do País (abstendo-se, anulando o voto ou votando em branco) é um exemplo da incredulidade de todos com relação aos políticos e suas instituições (digo suas porque elas não representam o interesse do povo); e
– a tentativa de venderem o ajuste fiscal como única opção para salvar-se o Estado da falência (mediante a imposição de impostos escorchantes a uma população exaurida, visando satisfazer os credores da dívida pública), sob a alegação de que medidas draconianas são indispensáveis para a retomada do crescimento econômico, não passa de um canto de sereia, um mero engodo oficial.
Logo os eternos logrados e lesados se decepcionarão com os conservadores assumidos e migrarão para os conservadores disfarçados seguindo o pêndulo da ineficácia. Vale perguntar: até quando assistiremos à alternância de governantes que representam apenas um eterno retorno ao ponto de partida?
Cabe a nós, revolucionários, desmascararmos as mudanças superficiais que existem para que realmente nada mude, propondo, em seu lugar, transformações transcendentais.
Cabe a nós, revolucionários, desmascararmos as mudanças superficiais que existem para que realmente nada mude, propondo, em seu lugar, transformações transcendentais.
O Presidente Temerário, discursando na abertura de um encontro de países de língua portuguesa em Brasília, resgatou a triste memória da primeira ministra inglesa Margaret Thatcher, a ultra-neoliberal conservadora falecida há três anos, elogiando a defesa que ela fazia do ajuste fiscal –o qual, na verdade, não passa de uma tentativa de solucionar por via administrativa problemas cuja gênese se situa fora da administração pública, pois advêm do esgotamento de um modo de produção tornado anacrônico. Trata-se do discurso de volta a um passado que já deveria estar sepultado.
Para governantes de países que podem financiar a dívida pública com juros baixos e a longo prazo, fica fácil dar conselhos de austeridade fiscal a países como o Brasil, que, embora tenha uma dívida pública relativa (em relação ao PIB) e absoluta (números concretos) ainda menor do que a deles, paga juros altos e de curto prazo como forma de sobrevivência.
Mas, a falência de todos se aproxima cada vez mais. Será quando a onda conservadora vai transformar-se em tsunami.
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Mas, a falência de todos se aproxima cada vez mais. Será quando a onda conservadora vai transformar-se em tsunami.
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Por Dalton Rosado
https://naufrago-da-utopia.blogspot.com.br/2016/11/o-que-e-tal-onda-conservadora-que-varre.html
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