Um dos significados da palavra “corrupção” é “apodrecimento”. Como acontece com uma ferida não tratada adequadamente.
O chefe da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, estima que o dinheiro desviado pela corrupção no Brasil fique em torno de R$ 200 bilhões por ano.
Feio, né? Como uma ferida purulenta e dolorida.
Enquanto todos olham enojados para a ferida, o empresário Laodse de Abreu Duarte, por exemplo, deve R$ 6,9 bilhões à União. Não por acaso, este senhor é diretor da Fiesp, entidade que liderou os recentes e finados protestos contra a corrupção. Ele sozinho deve mais que Bahia, Pernambuco e outros 16 estados juntos.
Enquanto todos tentam limpar a ferida, a sonegação empresarial acumulada no País é de quase R$ 1,5 trilhão, cinco vezes o “buraco” no Orçamento federal previsto para 2016.
Enquanto a ferida assusta, o Tesouro paga R$ 1,5 bilhão em juros da dívida pública por dia. Um dinheiro que só beneficia cerca de 20 mil famílias brasileiras e alguns milhares de especuladores internacionais.
Enquanto a ferida vaza pus, levantamento da consultoria McKinsey, de 2014, revelou que ricaços brasileiros possuem US$ 520 bilhões escondidos em paraísos fiscais.
Enquanto a ferida continua sangrando, o Banco Central realiza operações financeiras chamadas “swap cambial”, cuja função é proteger os grandes investidores de riscos com variações da moeda. De setembro de 2014 a setembro de 2015, essas operações custaram R$ 207 bilhões aos cofres públicos. Mais que o dobro do imaginário déficit do INSS.
Enquanto lavamos a ferida com jatos d’água, o câncer se espalha pelo organismo da economia popular.
http://pilulas-diarias.blogspot.com.br/2016/07/a-ferida-e-o-cancer.html
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