Luiz de Queiroz, GGN
Os resultados da pesquisa não tranquilizam: 55% das empresas industriais do estado não possuem acesso a fontes alternativas de água. Entre as pequenas o número é ainda pior: 70% não dispõem de outros meios de abastecimento. Apenas as grandes indústrias estão mais bem preparadas e mesmo assim 23% delas não têm fontes alternativas.
De acordo com Nelson Pereira dos Reis, diretor do departamento de meio ambiente e vice-presidente da FIESP, nas áreas mais afetadas – na região metropolitana de São Paulo, região do Alto Tietê, Campinas, Jundiaí, Paulínia e Piracicaba – a indústria já está sentindo os efeitos da falta d’água. “Nós já estamos ouvindo relatos de empresas com restrição de água que estão reduzindo a produção, cortando turnos e dispensando pessoal”, afirma.
Ele garante que na região metropolitana de São Paulo a indústria é responsável por apenas 11% da utilização de água e que nos últimos cinco anos os parques industriais da área conseguiram reduzir o consumo em 50%. “Havia uma defasagem tecnológica. A indústria se modernizou no gerenciamento do uso da água, adotou o reuso e a reciclagem e conseguiu reduzir o consumo”.
Mesmo assim, o vice-presidente da FIESP demonstra preocupação caso não comece a chover a partir de setembro ou outubro, “Precisa chover na época das chuvas, nas cabeceiras dos rios, senão o problema vai se repetir no ano que vem”. Ele menciona a importância do estado de São Paulo para a indústria nacional, lembrando que o problema, no final das contas, não afeta apenas o Estado. “Na região metropolitana são 40 mil estabelecimentos industriais, na área de Campinas são mais 16 mil. São Paulo representa 40% do PIB industrial do Brasil”.
Opções para a redução do consumo
Ele explica que há diversas alternativas que a indústria pode adotar para reduzir o consumo e que as principais são as mais fáceis de ser ignoradas: o uso da água no dia a dia dos funcionários.
De acordo com Oduwaldo, medidas simples podem ter resultados expressivos. Ele dá como exemplo os chuveiros Pématic que para serem acionados precisam que o usuário fique em cima de um pedal. No momento que a pessoa sai, a água pára. O executivo diz que a economia pode chegar a 70%.
Para o executivo, devido à abundância, o Brasil desperdiça muito em todos os segmentos, inclusive o próprio setor de metais não ferrosos, "nós gastamos muita água no processo de cromação", diz ele, "só recentemente aprendemos que, com o reuso, é possível economizar 90% da água do processo”, explica.
“Para isso, a água tem que passar por filtros naturais – de pedra, areia e carvão ativado – e depois por processos químicos, mas vale a pena”, garante."
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