Há mais ou menos uns dois meses, a filha Gabriela, que reside há quatro anos na Austrália a fim de estudar, vendo na tevê de lá as cenas de vandalismo que ocorriam por aqui durante a onda de protestos que tomava o país, enviou-me mensagem via Facebook relatando a sua tristeza decorrente da deterioração da imagem do Brasil naquele país.
De país visto como em franco desenvolvimento, que resgatava a sua imensa dívida social, que economicamente vinha se destacando por gerar empregos em quantidades industriais enquanto o resto do mundo chafurdava no desemprego, o Brasil começava a ser visto como uma nação decadente e sem rumo.
O relato de Gabriela, então, somava-se a tantos outros feitos por brasileiros expatriados que vão constatando, envergonhados, a deterioração da imagem de um país que era visto como dotado de um povo alegre, hospitaleiro e como uma potência emergente e que, agora, estava gerando uma onda internacional de decepção.
Até junho último, a intensa campanha de desmoralização do país empreendida pela grande imprensa local não produzia efeitos. A opinião pública internacional entendia que essa imprensa brasileira estava em uma campanha política e, assim, atinha-se aos fatos, aos indicadores econômicos ao avaliar o nosso país.
As cenas de guerra que o país exportou, porém, criaram a falsa impressão de que, de fato, a situação por aqui era muito ruim. De junho para cá, outros factoides políticos vêm contribuindo para macular a imagem do Brasil.
As cenas de hostilidade aos médicos estrangeiros que estão chegando no âmbito do programa Mais Médicos se espalharam internacionalmente e chegaram à Austrália, o que fez a minha filha enviar-me, de novo pelo Facebook, sua tristeza com mais um factoide que está ajudando o mundo a ver o nosso país com maus olhos.
Médicos estrangeiros são bem vindos em incontáveis nações. Na Austrália, a maioria dos médicos é composta por estrangeiros, sobretudo asiáticos, como relata a minha filha. Ela, inclusive, disse não se lembrar, ao longo dos quatro anos em que reside naquele país, de ter se consultado com um médico australiano.
As cenas patéticas com gritos de “escravos” vertidos por médicos brasileiros brancos contra médicos cubanos negros ou as cenas de violência e até de xenofobia durante a Copa das Confederações estão, inclusive, induzindo o mundo a enxergar o Brasil como um país mal-humorado, intolerante e até preconceituoso, o que é um absurdo em um país em que a maioria do povo é negra.
Uma ansiosa blogueira amiga que viaja com frequência ao exterior, inclusive, não só referendou o que disse a minha filha Gabriela como ainda diagnosticou que “O que Lula construiu [em termos da boa imagem do país] está sendo destruído” por essa luta político-ideológica sem limites, sem juízo e sem rumo.
Pobre do país que tem uma elite porca, mesquinha e corrupta como a nossa, capaz de enlameá-lo, de literalmente destruir a sua imagem para lucro de grupos políticos e para satisfazer idiossincrasias e interesses particulares. O Brasil não merece essa parcela microscópica e abastada de seu povo que trata de difamá-lo.
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