Pesquisa da ONG Transparência Internacional divulgada hoje (9) mostra o descrédito das pessoas nas instituições públicas para combater a corrupção no mundo - e não só no Brasil.
Pelo menos uma em cada quatro pessoas entrevistadas admite que pagou suborno por serviços públicos, enquanto dois terços daqueles que receberam propostas de suborno negaram a oferta Os entrevistados dizem que a corrupção se agravou nos últimos anos e defendem o combate à prática.
O levantamento, chamado de Barômetro Global da Corrupção, ouviu 114 mil pessoas em 107 países, no período de setembro de 2012 a março de 2013, e mostra que a corrupção é um fenômeno amplo, não se restringindo, como é amplamente disseminado pelos meios de comunicações, ao Brasil, e muito menos aos políticos, embora eles sejam a face mais visível da prática.
No Brasil, a pesquisa aponta que 81% dos entrevistados acham que os partidos políticos são afetados pela corrupção, enquanto 72% veem o mesmo problema no Poder Legislativo.
Mas os entrevistados encontram corruptos também na polícia (70%), serviços médicos e de saúde (55%), Judiciário (50%), servidores públicos e funcionários privados (46%), imprensa e meios de comunicação (38%), ONGs (35%), empresas e negócios ( 35%), igrejas (31%), sistema educacional (33%) e militares (30%).
Como se vê, a percepção das pessoas é que a corrupção se estende a quase todas as atividades sociais.
É um fenômeno tão amplo que dificilmente será revertido com palavras de ordem em passeatas, mas sim como parte de um processo educativo profundo, que, obviamente, leva anos para produzir efeitos. Some-se a isso muito investimento público para aperfeiçoar os mecanismos já existentes de combate à prática, como, por exemplo a Controladoria-Geral da União.
Essa foi a oitava versão da pesquisa sobre o mesmo tema, envolvendo vários países feito pela ONG.
Globalmente, 27% dos entrevistados admitiram que pagaram suborno para ter acesso a serviços públicos e instituições no último ano. De acordo com a pesquisa, nove em cada dez pessoas disseram que estão dispostas a colaborar para combater a corrupção.
O trabalho mostra ainda que dois terços daqueles que receberam propostas de suborno negaram a oferta, sugerindo, segundo os pesquisadores, que os governos, a sociedade civil e o setor empresarial devem intensificar seus esforços para conseguir que as pessoas contribuam para reverter a corrupção.
A presidenta da Transparência Internacional, Huguette Labelle, disse que os índices de suborno em nível mundial ainda são elevados, mas o fato de o cidadão querer combater a prática e a corrupção em geral deve ser avaliado como positivo.
O Barômetro informa também que em vários países os entrevistados demonstraram não confiar nas instituições encarregadas de combater a corrupção e outros delitos.
Em 36 países, eles citaram a polícia como o setor mais corrupto. Nos mesmos locais, a polícia é apontada como responsável por 53% dos pedidos de suborno.
Em 17 países do G-20 (grupo das nações mais desenvolvidas do mundo), 59% dos entrevistados disseram que os governos atuam adequadamente no combate à corrupção.
Para os entrevistados de 51 países, os políticos são os mais corruptos. Nos mesmos países, 55% dizem acreditar que o governo defende interesses particulares.
Em 2008, quando o mundo era atingido pela crise econômica, 31% dos entrevistados demonstravam confiança no governo no que se referia às medidas para reagir aos efeitos. Mas a pesquisa recente mostra que o percentual caiu para 22%.
(Com informações da Agência Brasil)
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