“A semana termina de forma bastante positiva para quem vê as manifestações e protestos como impulsionadores da democratização da sociedade. O mais importante de é que reabriu-se para o povo a agenda política no país. Como diria o Barão de Itararé, “Tudo pode acontecer, inclusive nada”. Apostemos as fichas no “tudo”. Por Gilberto Maringoni
Gilberto Maringoni, Carta Maior
A semana termina de forma bastante positiva para quem vê as manifestações e protestos como impulsionadores da democratização da sociedade. Destaco os seguintes pontos, listados a seguir:
1. A pauta progressista (mais serviços, mais Estado) se impôs nas ruas sobre a agenda regressista (menos impostos, maioridade penal, fim do bolsa-família, fora Dilma etc). As mobilizações entraram no viés de baixa, motivado principalmente pelas vitórias espetaculares na redução nacional das tarifas e - em SP - dos pedágios. Até segunda ordem, parece que os preços dos públicas foram congelados. Claro que os governantes farão malabarismos fiscais para tirar verbas de outras áreas, mas o sinal geral é alentador. Com isso, persiste o quadro de mobilização em cima da melhoria dos serviços públicos;
1. A pauta progressista (mais serviços, mais Estado) se impôs nas ruas sobre a agenda regressista (menos impostos, maioridade penal, fim do bolsa-família, fora Dilma etc). As mobilizações entraram no viés de baixa, motivado principalmente pelas vitórias espetaculares na redução nacional das tarifas e - em SP - dos pedágios. Até segunda ordem, parece que os preços dos públicas foram congelados. Claro que os governantes farão malabarismos fiscais para tirar verbas de outras áreas, mas o sinal geral é alentador. Com isso, persiste o quadro de mobilização em cima da melhoria dos serviços públicos;
3. A pesquisa Datafolha sacramenta o que o governo - em suas pesquisas internas - já sabia. Acabou o encanto. Embora a queda não tenha aumentado a desaprovação ao governo (o ótimo é bom migrou para o regular) o traço principal é o quadro tendencial de queda da popularidade. Isso abrirá um longo contencioso na base aliada (o PMDB elevará o preço do apoio e os setores evangélicos ameaçam desembarcar). Pode haver um quadro semelhante à segunda metade do governo Sarney, se a iniciativa governamental não se consolidar;
4. A iniciativa governamental – de momento – entrou na agenda, sob a forma do plebiscito. Todos os atores políticos – governo, Congresso, mídia, empresariado e população - se movem em torno dessa proposta;
5. Aqui a disputa é se teremos plebiscito (consulta prévia) ou referendo (consulta para sacramentar o que o Congresso decidir). A segunda proposta é vocalizada pela direita.
6. Há um problema na pauta presidencial que é a disjuntiva cortes (responsabilidade fiscal) versus gastos (plebiscito e serviços públicos). Paulo Kliass e André Singer apontaram o problema. Dilma aqui age como Lula, que, diante de um dilema, tenta colocar o pé em duas canoas. Esta é a principal limitação da agenda presidencial. Como a situação se radicalizou, essa característica do lulismo está em xeque;
7. Com isso, açulam-se as pretensões sucessórias de Aécio, Eduardo Campos e Marina, que tentarão capitalizar o descontentamento. Pequeno problema: eles também são vidraças (menos Marina) e não sabem ainda (incluindo Marina) como canalizar a força das ruas. A negação aos políticos os atinge também;
8. A principal reunião de Dilma nesta semana, com as centrais sindicais, acabou em anticlímax. Ela falou da agenda oficial e não quis saber da pauta trabalhista. Problema a ser resolvido;
9. A agenda de 2014 está oficialmente aberta. Mas até lá há um oceano a ser atravessado. Afinal, em duas semanas a conjuntura do país foi colocada de pernas para o ar. Quem se movimentar agora pensando somente nas eleições do ano que vem pode se dar mal. Há questões imediatas a serem resolvidas e a pauta oficial é - até agora - a pauta sobre a qual os diversos atores se movimentam. Isso é o que faz a direita parlamentar (PSDB, DEM e PPS) acusarem o golpe em nota lançada há alguns dias;
10. A mídia, nesse clima, também irá radicalizar pela direita (nisso conta com auxílio de setores governistas, como o inigualável ministro Paulo Bernardo). Basta vermos as edições das semanais e dos jornalões, tentando impor sua pauta ao movimento, tentando dirigir até mesmo as candidaturas de direita.
11. O mais importante de é que reabriu-se para o povo a agenda política no país. Como diria o Barão de Itararé, “Tudo pode acontecer, inclusive nada”. Apostemos as fichas no “tudo”.
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