terça-feira, 3 de julho de 2012

A nova ameaça das montadoras




As montadoras de veículos nunca venderam tanto no país como em junho, apontam os dados do setor. As vendas recordes são resultado da redução do IPI, medida tomada pelo governo depois do intenso lobby que as empresas fizeram, sob a alegação de que seus negócios iam de mal a pior. Mesmo assim já há indícios de que elas preparam demissões, temendo que a alta das vendas seja apenas uma bolha, o que, se for confirmado, é mais uma prova de que a indústria automobilística brasileira tem uma única preocupação: lucrar, apenas lucrar.
A General Motor (GM) confirmou que está fechando postos de trabalho em sua fábrica de São José dos Campos, interior paulista. Segundo a empresa, 186 trabalhadores aderiram à primeira fase do programa de demissão voluntária (PDV). Não foram computados os funcionários que aderiram à segunda etapa, encerrada segunda-feira.
 As demissões levaram o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos a organizar uma campanha “em defesa do emprego na GM”. O sindicato pretende fazer nos próximos dias uma série de atividades e mobilizações para chamar a atenção do poder público e da população para a situação. Segundo o presidente do sindicato, Antonio Ferreira de Barros, somando os PDVs e os cortes que a empresa fará, as demissões podem chegar a 2,5 mil funcionários. “Seria um desastre para a região”, alertou.
De acordo com o diretor de Relações Institucionais da GM no Brasil, Luiz Moan, parte da produção está sendo realocada, principalmente para São Caetano do Sul , no Grande ABC, além de Gravataí (RS) e Joinville (SC). Ele negou que a montadora, que tem cerca de 21mil funcionários, esteja diminuindo o número de empregados no país. “Nós aumentamos muito o quadro de funcionários no Brasil, e nós temos o compromisso com o governo federal da manutenção do nível de emprego”, disse. Moan ressaltou, entretanto, que a situação da fábrica será avaliada em conjunto com os trabalhadores nas próximas semanas. A partir dessa avaliação, serão definidos os planos para a montadora em São José dos Campos. Para ele, as demissões anunciadas são apenas uma “interpretação” do sindicato e não um fato concreto.
Em São Caetano do Sul, o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos confirmou a expansão da produção na fábrica da GM no município. De acordo com o presidente licenciado do sindicato, Aparecido Inácio da Silva, em maio do ano passado foi aberto o terceiro turno na montadora e mais de 1,6 mil trabalhadores foram contratados. Silva ressaltou que a preocupação do sindicato é que os investimentos na região, agora responsável pela produção de quatro modelos automotivos, sejam mantidos.
Já a Volkswagen abriu um PDV na fábrica de Taubaté, explicando apenas que o programa é previsto no acordo coletivo com o sindicato local.
O carro feito no Brasil é, provavelmente, o mais caro do mundo. As montadoras culpam a caga tributária, mas nunca se dispuseram a abrir a caixa preta da composição de preços de seus produtos. E sem isso é impossível fazer um debate sério sobre o assunto.
Quando reduziu o IPI do setor, o governo deveria ter exigido uma contrapartida forte das montadoras: veículos mais seguros e de melhor qualidade, planilha de custos de cada produto, manutenção do nível de emprego, programa de investimentos, melhora no atendimento pós-venda, motores mais econômicos e menos poluentes, preços mais baixos.
Do jeito como a coisa foi feita, a desoneração tributária foi mais um presente para as empresas. E dar um presente para um setor oligopolista nunca foi e nunca será um procedimento recomendável numa sociedade capitalista, que pressupõe a competição entre seus agentes produtivos como a base de seu funcionamento. 
(Com informações da Agência Brasil) 
cronicasdomotta

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