“Não conheço meio de comunicação mais frouxo do que a TV. Frouxo e equivocado. A televisão brasileira não arrisca nada na sua programação que ela suponha possa descontentar o público bovino que lhe dá audiência cativa. Tudo obedece a uma marcação e previsibilidade que jamais poderão sair do script de décadas. Falo aqui, naturalmente, das TVs comerciais. E quanto maior a audiência, maior a frouxidão, o descompromisso com a ousadia, a falta de inteligência no ar.
Agora mesmo, estamos diante de um capítulo, no mínimo ridículo, dessa mesma novela. Com a explosão de um grande - e novo - contingente de consumidores, denominado por sociólogos de "Classe C", as empresas de TV aberta vivem uma excitação só, para conquistar e consolidar essa nova audiência. Aí, os "gênios" da criação e do marketing ficam imaginando - e pior: decidindo o que a tal "Classe C" quer ver na telinha, em sua casa.
Nessa hora, saltam todos os preconceitos e estereótipos: - "pessoas dessa origem só gostam de curtir pagode, sertanejo, ver tramas açucaradas nas novelas, lutas de MMA (Vale Tudo)" e outros itens desse elenco imbecilizante. No intervalo comercial, é o varejão com um âncora aos gritos oferecendo "aquele conjuntinho" de sala ou a LCD, objeto do desejo de todos.”
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