josias de souza
CENSURA DEIXA FLÁVIO BOLSONARO INTEIRAMENTE NU
A situação criminal de Flávio Bolsonaro mudou de patamar. Até aqui, o primogênito do presidente da República vivia um processo de desnudamento progressivo, em camadas. De repente, o filho do soberano ficou —horror, frisson!— com as vergonhas totalmente expostas.
Flávio atingiu o estágio da nudez absoluta ao obter na Justiça a censura à TV Globo. A pedido dos seus advogados, a juíza Cristina Serra Feijó, do Rio de Janeiro, proibiu a emissora de veicular notícias sobre o inquérito sigiloso que tornou o Zero Um impróprio para menores de 99 anos.
"Acabo de ganhar liminar impedindo a #globolixo de publicar qualquer documento do meu procedimento sigiloso", celebrou Flávio nas redes sociais. Alguém que chama de "meu procedimento" uma investigação em que é acusado de peculato, lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio e organização criminosa ou é um cínico ou é um tolo.
"Não tenho nada a esconder e expliquei tudo nos autos", escreveu Flávio, como que decidido a esclarecer que o seu caso é mesmo de cinismo. "As narrativas que parte da imprensa inventa para desgastar minha imagem e a do presidente Jair Bolsonaro são criminosas."
O filho do presidente demora a notar que não precisa do auxílio da imprensa. Desmoraliza-se sozinho. Há vitórias que envergonham os vitoriosos, dignificando os vencidos.
O problema não é a capacidade dos jornalistas de obter dados sigilosos. O que complica é a incapacidade do investigado de prover explicações.
A censura à TV Globo logo será revogada em instâncias superiores do Judiciário. Mas algumas reações oficiais precisam ser censuradas.
Dias atrás, Bolsonaro manifestou o desejo de "encher de porrada" a boca de um repórter por causa de uma pergunta incômoda. Agora, Flávio esmurra a democracia recorrendo à censura prévia do noticiário.
"A juíza entendeu que isso [o noticiário sobre a investigação] é altamente lesivo à minha defesa", trombeteou Flávio, antes de ameaçar: "Querer atribuir a mim conduta ilícita, sem o devido processo legal, configura ofensa passível, inclusive, de reparação".
Ironia suprema: na campanha eleitoral, pai e filho surfaram na lama que escorria do petismo. Uma lama que chegava às manchetes graças ao trabalho da imprensa. Agora, queixam-se da sorte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário