quinta-feira, 31 de maio de 2018

O que o socialismo marxista não é


Faz parte da lógica do marxismo que os indivíduos cedam ao partido, o partido ceda ao Estado, e o Estado, a um monstruoso ditador.

Esta é outra crítica que Terry Eagleton busca responder no livro “Marx estava certo”, lembrando que no terceiro volume de “O capital”:

Marx afirma que o Estado como corpo administrativo continuaria a existir. Era o Estado como instrumento da violência que Marx esperava ver pelas costas. Conforme diz no Manifesto comunista, o poder público sob o comunismo perderia seu caráter político

(...)

A ordem social corrente é inerentemente injusta, nesse ponto o Estado também é injusto. É precisamente isso que Marx quer ver chegar ao fim, não os teatros públicos ou os laboratórios da polícia.

(...)

O que Marx rejeitava era o mito sentimental do Estado como uma fonte de harmonia, pacificamente unindo diferentes grupos e classes.

Afinal, o próprio Estado deixou de crer nisso:

A polícia que surra trabalhadores grevistas ou manifestantes pacíficos nem se dá mais ao trabalho de fingir ser neutra. Já, policiais que evitam que canalhas racistas surrem uma jovem asiática até a morte não estão agindo como representantes do capitalismo.

(...)

A democracia precisa ser local, popular e disseminada por todas as instituições da sociedade civil. Se estender tanto à vida econômica quanto à vida política. Precisava significar genuíno autogoverno, não um governo entregue a uma elite política.

(...)

Homens e mulheres têm que reivindicar em suas vidas cotidianas os poderes que o Estado lhes confiscou. O socialismo é a completude da democracia, não sua negação.

Qualquer coisa diferente disso não é o socialismo marxista.

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