sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Dicas (pouco animadoras) para ler “O Capital”


Há exatos 150 anos, em novembro de 1867, ano em que foi publicada a primeira edição de “O Capital”, Marx enviou uma carta a seu amigo Ludwig Kugelmann. Era a resposta às dificuldades que a esposa de Kugelmann, Gertrud, estava encontrando para entender a mais recente obra de Marx:

Diga à sua mulher que as partes mais imediatamente legíveis são “A jornada de trabalho”, “A cooperativa, a divisão do trabalho e a maquinaria” e, finalmente, “A acumulação primitiva”. Depois disso, será preciso explicar a ela a terminologia incompreensível. Sobre quaisquer outros pontos duvidosos, estou à disposição.

Ora, então por que Marx não começou seu livro por estes temas? Porque não seria dialético. O primeiro capítulo de “O Capital” é sobre a mercadoria, “célula econômica da sociedade burguesa”. Síntese do modo como funciona a lógica social sob o capitalismo.

O professor e filósofo José Paulo Netto costuma citar aquela correspondência com Kugelmann para explicar que para entender plenamente a maior obra de Marx é preciso superar a lógica quadrada que rege nossa cabeça há alguns séculos. É preciso pensar dialeticamente.

De fato, Marx só conseguiu desvendar o funcionamento do capital porque partiu do método dialético hegeliano para criar seu próprio modo de explicar a realidade material da sociedade burguesa.

É por isso que ninguém menos que Lênin afirmou em seus "Cadernos filosóficos":

É completamente impossível entender “O Capital” de Marx, e em especial seu primeiro capítulo, sem ter estudado e entendido a fundo toda a “Lógica de Hegel”. Portanto, faz meio século que nenhum marxista tem entendido Marx!

Ou seja, caras e caros camaradas... fodeu!

http://pilulas-diarias.blogspot.com.br/2017/11/dicas-pouco-animadoras-para-ler-o.html



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